Delegacia no Rio treina policiais para atender público LGBTQI+

Pela primeira vez, o programa Amizade Rio LGBT promoveu, nesta terça-feira (05/02), o primeiro curso de capacitação para policiais na temática LGBTI+. Os agentes da Delegacia de Combate à Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) foram capacitados em temas como identidade de gênero e orientação sexual, além de decretos e leis voltadas à comunidade LGBTQI+.

Segundo o delegado Gilbert Stivanello, titular da delegacia, um dos principais obstáculos sentidos pela equipe de 12 policiais que atua na unidade é a questão de vocabulário dentro da população LGBTQ. “Nós temos uma série de nomenclaturas empregadas com as quais o policial não está familiarizado. Essa palestra tem como enfoque atualizar os policiais, e também trazer um feeling mais aprofundado sobre as demandas desse público alvo”, explicou Stivanello em entrevista ao G1.

Segundo ele, há uma heterogeneidade no atendimento das delegacias distritais no Rio: há policiais que atendem bem e outros que atendem mal. É importante lembrar, diz Stivanello, que os crimes de homofobia ou qualquer outro contra a população LGBTQ podem ser registradas em qualquer delegacia. A Decradi não tem atribuição privativa, qualquer delegacia pode apurar este tipo de crime [contra a população LGBTQI+]”, explicou o delegado.

Mais de cinco mil casos de violência em 7 anos

O superintendente do programa Amizade Rio LGBT, Ernane Alexandre Pereira, explicou que os policiais não estão sendo treinados para dar um atendimento especial ao público LGBTQI+, mas apenas para repeitar essa população, atentando para questões específicas, como respeitar o gênero e nome social da população trans em formulários, revistas e no trato pessoal.

“Acredito que o principal é a questão da abordagem”, disse Pereira, ao lembrar que, muitas vezes, a falta de acolhimento está em detalhes como um olhar discriminatório ou o mau uso dos artigos “o” ou “a”. “É importante também para que os inspetores se sintam seguros sobre como atender a população e que expressões devem usar”, acrescentou.

No ano passado, o então programa Rio Sem Homofobia registrou 231 atendimentos de vítimas de violência contra a população LGBT. As denúncias envolvem agressões ocorridas em locais como trabalho, escola, casa, órgãos públicos e redes sociais. Os crimes vão da ameaça ao homicídio.

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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