Ativista trans viraliza com post sobre Lacraia e revela desejo de fazer filme sobre funkeira
A ativista trans e diretora da Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco, Caia Coelho viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (04/06) após fazer uma publicação relembrando detalhes da vida da dançarina de funk Lacraia, da dupla com MC Serginho.
Com um rebolado contagiante, Lacraia fez sucesso no início dos anos 2000 como dançarina dos hits “Vai, Lacraia” e “Éguinha Pocotó”. Na thread, Caia afirmou que sempre teve fascínio pela artista, mas apenas em 2016 decidiu iniciar um processo de pesquisa sobre a vida e obra de Lacraia. “Em 2016, já com 23, ainda lembrava dela “alegre”, mas uma entrevista da sua mãe dizendo que a filha era triste me surpreendeu. Por isso, há quatros anos comecei a pesquisar”, escreveu.
Segundo Caia, antes de se tornar conhecida através dos funks de MC Serginho e por suas aparições frequentes na TV, Lacraia já havia trabalhado como camelô e cabeleireira. Mesmo com o sucesso e a fama, a ativista destaca que a dançarina por muitas vezes foi alvo de racismo e transfobia em programas de TV. A postagem original com as revelações da artista conta com mais de 74 mil curtidas. Lacraia morreu em 2011, vítima de tuberculose.
Confira abaixo
Mesmo sendo uma figura nacionalmente muito famosa no começo dos anos 00, eu não sabia nada a respeito da Lacraia nem era fácil encontrar. Seria mais uma travesti com sua história apagada? Como ela foi recebida na mídia e pelo público? Compartilho com vocês um pouco da pesquisa…
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Trabalhou como camelô, como cabeleireira em um salão de beleza e como camareira em uma sauna. Conheceu MC Serginho (ambos moravam em Jacarézinho) nos bailes funks onde ele era DJ e acabaram formando uma dupla que mais tarde estouraria os sucessos "Vai, Lacraia", "Éguinha Pocotó".
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Segundo a revista Veja, a participação de Lacraia no Domingo Legal, na SBT, desbancava em pontos de audiência o Domingão do Faustão, da Rede Globo. Éguinha Pocotó foi a 16ª música mais tocada em 2003. Naquele ano, o sucesso de Serginho e Lacraia estava à frente de girl/boybands.
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
O que acontecia nos shows não se repetia na televisão. No Programa da Eliana, Lacraia encenou um casamento fake, mas o noivo se recusou a repetir as palavras do "padre" ("legítima esposa") e não beijou a noiva ao final da cerimônia. Supostamente essa era "a graça" do quadro. pic.twitter.com/32zEyAkWdu
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Não se falava em outro assunto. As bichas eram "xingadas" de Lacraia, as carolas e alguns artistas torciam o nariz. Outros cometiam racismos, transfobias explícitos. Por que até hoje muita gente resume Lacraia a uma "pessoa feliz"? Matéria de 2003 no Jornal do Brasil (RJ) pic.twitter.com/FX6NbHUFAP
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Por tuberculose, Lacraia faleceu em 2011, aos 33 anos, mas não podemos esquecer sua história. Ela abriu portas para muitas travestis do funk hoje! Em 2013, Gazela interpretou Lacraia nos shows do Serginho enquanto ele cantava "eu to falando do fantasma da Lacraia", mas não vingou
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Há anos quero fazer um filme sobre a Lacraia. Preciso de produtora, se alguma se interessar, por favor me procure! Trabalho em audiovisual.
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 4, 2020