Travesti é agredida e tem cabelo cortado com faca por policiais do Morro da Babilônia, no Leme

Vitória, de 21 anos, travesti vinda do Recife (PE), registrou queixa na 12ª DP (Copacabana) contra um grupo de policiais militares da UPP Babilônia/Chapéu Mangueira por agressão física. Ela contou que a agressão teria ocorrido na manhã desta segunda-feira (23/04) ao descer a comunidade para fazer compras.

Segundo Vitória, ao descer a ladeira Ary Barroso, foi parada por cerca de 10 PMs e acusada de ser traficante. Ela afirma que foi ameaçada, teve as mãos algemadas e um grupo de cinco policiais cortou seus cabelos com uma faca. “Eles pegaram uma caixa de cigarro vazia e colocaram balas de fuzil e depois puseram dentro do bolso do meu casaco dizendo que era meu. Neguei na hora e mesmo assim, algemada, andei com eles pela favela levando chutes na altura da cintura e tapas”, contou Vitória para O Globo.

“Um deles tirou uma faca da cintura e começou a cortar meus cabelos. Depois me liberaram. Não vou esquecer. Quero registrar essa violência contra mim. Por isso estou aqui na delegacia”, continuou. Policiais da 12ª DP registraram o caso como lesão corporal provocada por socos, tapas e pontapés e encaminharam a travesti para exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML).

Vitória levava na mão uma lista de compras que faria para si e para uma vizinha: carne seca, toucinho e ração para seus dois cachorros, Hércules e Preta. Ela contou que certa vez foi usada por traficantes para levar dinheiro até o asfalto para um grupo de policiais militares corruptos. E que pode ter ficado marcada por isso.

“Quem mora no morro sabe como é a vida lá. Eu fui obrigada a fazer isso. Não sou traficante, sou moradora. A vida já não está fácil para ninguém. Trabalho muito e honestamente. E mesmo assim o dinheiro já não está dando para muita coisa. E ainda cortam o meu cabelo! Foi muita crueldade deles”, disse, indignada. Em nota, o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Babilônia/Chapéu Mangueira informa que irá apurar a denúncia.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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