Ativista trans Amanda Marfree morre vítima da Covid-19
A ativista trans Amanda Marfree faleceu na madrugada desta terça-feira, dia 23/06, por complicações causadas pela COVID-19. Ela trabalhava como articuladora no Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD), em São Paulo, e nos últimos meses fez campanha para ajudar a população que atua trans profissional do sexo no Parque do Carmo (zona leste da capital paulista), doando cestas e ajuda financeira durante a quarentena.
Amanda foi uma militante muito presente na causa LGBTQ+ com foco nas pessoas trans, pelo direito de todas as mulheres trans e cis na sociedade. Ela também era agente de prevenção voluntária e orientava profissionais do sexo sobre prevenção contra o HIV/AIDS e outras e ISTS. A ativista foi a primeira aluna a terminar o ensino médio com apoio do projeto Transcidadania, tendo recebido diploma de honra ao mérito ao se formar na Escola Estadual Padre Antão e foi umas das mais bem classificadas no ENEM de 2015.
Em uma de suas últimas entrevistas, ao Estadão dia 07/06, ela afirmou: “Meu objetivo com os movimentos é garantir que meus direitos sejam cumpridos. Um presidente que insinua golpes militares, classifica antifascista como terrorista e exalta figuras do nazismo é uma ameaça para nós. Por ser travesti, sempre fui excluída da democracia e só conheci meus direitos aos 30 anos, quando pude estudar. Hoje sei que sou uma cidadã como todos. O discurso de ódio de Bolsonaro tem legitimado ataques à população LGBTQ+, mas os movimentos estão mais unidos e fortalecidos. E, na sociedade onde há forte preconceito, a democracia é uma luta contínua”.
O Coletivo Arouchianos se manifestou a respeito do falecimento de Amanda: “Ela morreu ajudando. Ela morreu fazendo aquilo que poucas pessoas estão dispostas a fazer: ir até às pessoas travestis e mulheres transexuais da base e fortalecer. É nisto que acreditamos e é assim que será lembrada. Ficam nossos pêsames aos familiares, colegas de trabalho e amigos mais próximos. Descanse em paz guerreira”.
