Primeira parlamentar trans do Rio, Benny Briolly reúne em livro as memórias de suas várias vidas

“Esperança, coragem e amor pela humanidade”. Com base nesses valores fundamentais, Benny Briolly – mulher negra, transgênero, nascida na periferia e conectada com as tradições da Umbanda – encara diariamente sua imagem no espelho, se pintando para enfrentar os desafios da vida. Vibrante, ela personifica uma resistência diária, lutando para afirmar e garantir a existência de seu corpo em um mundo que normaliza a rejeição ao que escapa ao padrão e hostiliza a diferença. 

Sua trajetória de luta e afirmação está reunida em “Mulher da vida”, livro de memórias, com prefácio da deputada federal Talíria Petrone, que chega às livrarias pela editora Oficina Raquel. “Escrevi esse livro para passar uma mensagem de humanidade. Um corpo como o meu é um corpo que pode e deve ter os mesmos direitos como o de qualquer outra pessoa. Quero provocar uma reflexão sobre o que é existir como uma mulher trans no Brasil”, reflete a autora, lembrando que a maioria dos corpos como o dela ainda vivem à margem da sociedade no país que mais mata, assassina mulheres, travestis e transexuais. 

Dentro desse corte social, Benny é um exemplo de superação. Uma mulher da vida, um corpo nascido de um parto na violência obstétrica, e que já integrou as estatísticas do trabalho infantil. Um corpo que encontrou na política o seu refúgio, um lugar de desabafo, e onde pode mobilizar outras pessoas. “Quero movimentar as estruturas da sociedade que perpetua a necropolítica, de marginalização, de violência do Estado, de precarização social. Um dia me olhei no espelho e conclui: sou uma mulher da vida”, esclarece. 

Em suas memórias, a autora revisita momentos preciosos de sua trajetória e relembra as pessoas fundamentais em cada fase. Benny chegou a ter que se ausentar do país, após receber uma série de graves ameaças de morte. Hoje está inserida no programa de proteção do Estado, ao mesmo tempo, em que se destaca como uma das parlamentares mais atuantes de seu município. 

A minha luta sempre foi pela vida. Um corpo trans, negro, sempre luta pela vida. O resto é consequência disso. É o que mais me orgulha na minha trajetória. E quanto aos que me atacam, um dia eu hei de conseguir acessar o espaço dessas pessoas para fazê-las compreenderem que o real sentido da vida é o amor. E o amor é respeito, é esperança, é solidariedade”, finaliza Benny.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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