Ex-integrante denuncia ‘cura gay’ promovida por guru em comunidade: “Presenciei casos”

Uma ex-integrante da comunidade Osho Rachana, localizada em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, revelou práticas de “cura gay”, discriminação racial e de gênero, além de abusos psicológicos promovidos pelo líder do grupo, Adir Aliatti, de 69 anos. Na última quarta-feira (11/12), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no local. Aliatti, apontado como “guru espiritual”, já responde por suspeitas de tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e desvios financeiros.

Segundo o relato de uma ex-moradora de 30 anos, que preferiu não se identificar, pessoas LGBTQIAPN+ eram incentivadas a “experimentar” relações heterossexuais, especialmente durante a pandemia de Covid-19. “Presenciei vários casos de ‘cura gay’. O discurso era de que não fazia sentido se relacionar com pessoas do mesmo gênero, e isso era tratado como ‘terapia’”, relatou ao g1. Ela também descreveu o ambiente como altamente machista e racista, com episódios constantes de humilhação pública e manipulação.

As investigações apontam que Aliatti teria desviado cerca de R$ 20 milhões em benefício próprio, dinheiro proveniente de atividades econômicas da comunidade e de dívidas contraídas pelos seguidores. O grupo produzia e vendia produtos orgânicos, além de materiais como cadernos e agendas. A ex-moradora ainda revelou que havia exploração de trabalho e controle abusivo dos recursos financeiros dos integrantes. “Tínhamos jornadas exaustivas e éramos obrigados a prestar contas diretamente a ele”, afirmou.

A defesa de Aliatti nega todas as acusações, alegando que os relatos foram distorcidos e que os denunciantes agiram de forma voluntária ao aderir às práticas do grupo. Apesar disso, mais de 20 pessoas já prestaram depoimentos à polícia, relatando torturas psicológicas, violência física e prejuízos financeiros. A comunidade, que chegou a abrigar 80 pessoas em um sítio de 42 hectares, agora está no centro de uma investigação que expõe os limites entre espiritualidade e abusos disfarçados de terapias.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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