Fifa escolhe Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo 2034, país com pena de morte para gays

A Federação Internacional de Futebol (Fifa) reafirma seu controverso histórico ao escolher a Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034. A decisão gerou uma onda de críticas por parte de entidades de direitos humanos e organizações LGBTQIAPN+, uma vez que o país mantém leis rígidas que condenam relações entre pessoas do mesmo sexo com punições extremas, incluindo a pena de morte. Especialistas destacam que a escolha reflete mais uma vez o desprezo da entidade pelos direitos humanos, priorizando ganhos financeiros e interesses políticos.

Conforme reportagem da BBC, a Fifa realizou manobras que facilitaram o caminho para a candidatura saudita. Em outubro de 2023, a Austrália desistiu de disputar como sede devido ao prazo curto — menos de um mês — para apresentar a proposta. Com a política de rotação de continentes, que restringe a escolha para Ásia e Oceania, a ausência de concorrência tornou a escolha do reino árabe praticamente inevitável. A candidatura saudita inclui 15 estádios, sendo que a maioria ainda está em planejamento, levantando preocupações sobre possíveis violações de direitos trabalhistas e exploração de imigrantes na construção.

A escolha ocorre em um momento em que a Arábia Saudita investe pesadamente em esportes para melhorar sua imagem internacional, uma estratégia conhecida como sportswashing. O país já sediou eventos como a Fórmula 1, finais de torneios europeus de futebol e competições de golfe, tênis e boxe. Contudo, essas iniciativas são duramente criticadas por organizações que apontam a tentativa de camuflar um histórico de repressões, incluindo a perseguição à comunidade LGBTQIAPN+, a restrição de direitos das mulheres e execuções em massa — somente em 2024, mais de 300 pessoas foram executadas no país, segundo dados da BBC.

A decisão da Fifa em levar a Copa do Mundo para um dos sete países que ainda mantêm a pena de morte para homossexualidade expõe a desconexão entre os valores esportivos e os direitos humanos. A medida também levanta dúvidas sobre o legado de um torneio que deveria simbolizar inclusão e união entre os povos. Para muitas pessoas LGBTQIAPN+ ao redor do mundo, o evento se tornará, mais uma vez, um lembrete de como a busca por lucro pode atropelar vidas e direitos fundamentais.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

Você vai curtir!