Jovem Pan e Emílio Surita estão na mira da Polícia Federal por homofobia contra Marcelo Cosme
A Jovem Pan e o apresentador Emílio Surita, do programa Pânico, estão sendo investigados pela Polícia Federal por uma suposta imitação homofóbica do jornalista Marcelo Cosme, âncora da Globo e da GloboNews. O caso foi levado à PF após uma denúncia protocolada por Amanda Paschoal, ativista da causa LGBTQIA+ e futura vereadora de São Paulo. A denúncia originou um inquérito que pode resultar em uma indenização superior a R$ 3 milhões, caso a emissora e Surita sejam condenados. A acusação se refere a um episódio de 23 de julho, quando Surita ironizou o comportamento de Cosme, sugerindo, sem citar o nome do jornalista, que ele imitava trejeitos de Caetano Veloso e exibia uma postura afetada.
O episódio gerou grande repercussão e levou Marcelo Cosme a se manifestar publicamente, afirmando que se sentiu vítima de discriminação. “A gente nunca espera ser alvo de discriminação, mesmo que ela esteja ali, sempre como um fantasma para quem é da comunidade LGBTQIA+,” afirmou o jornalista. Apesar de Surita não ter mencionado Cosme diretamente, outros membros do elenco do Pânico confirmaram que a imitação estava claramente dirigida ao âncora do Em Pauta. A situação foi agravada pelo histórico de polêmicas envolvendo a Jovem Pan e o programa Pânico, que já foi alvo de investigações por veiculação de conteúdos homofóbicos no passado.
Em 2019, o Pânico enfrentou acusações similares, quando o comediante Gustavo Mendes, imitador de Dilma Rousseff, foi alvo de piadas que envolviam temas homofóbicos. Na ocasião, Surita e seus colegas de programa insinuaram que Mendes usava AZT, medicamento utilizado no tratamento da AIDS, e associaram sua imagem a um unicórnio de pelúcia. Embora a ação penal contra a emissora tenha sido arquivada à época, o Supremo Tribunal Federal passou a reconhecer homofobia e transfobia como crimes de injúria racial em 2023, o que fortaleceu a atual investigação.
No desdobramento mais recente, o delegado Renato Pereira de Oliveira determinou a abertura de um inquérito policial para investigar possíveis infrações previstas na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989), além de outros crimes que possam ser identificados no decorrer da investigação. Caso a condenação se concretize, o valor da indenização será destinado integralmente a associações de apoio à causa LGBTQIA+. Todo o processo corre em segredo de Justiça.