Rússia proíbe trabalho da Elton John AIDS Foundation em meio a onda anti-LGBTQ+: “Indesejável”

A organização Elton John AIDS Foundation, que há mais de 30 anos lidera esforços globais no combate ao HIV/AIDS, foi classificada como “indesejável” pela Procuradoria-Geral da Rússia nesta quinta-feira (03/04). O status, frequentemente usado para silenciar opositores do regime, obriga as instituições afetadas a encerrarem suas atividades no país. Além disso, cidadãos russos que colaborarem ou financiarem a fundação podem enfrentar processos judiciais, em mais um capítulo da crescente repressão do governo de Vladimir Putin contra organizações internacionais e direitos humanos.

Fundada em 1992 pelo ícone pop Elton John, a entidade tem como foco o apoio a projetos de prevenção e tratamento da AIDS, especialmente entre populações vulneráveis, como a comunidade LGBTQIA+ e usuários de drogas. Em nota, a Procuradoria russa reconheceu o trabalho da organização no combate ao HIV, mas alegou que sua atuação estaria mais voltada para a “promoção de relações não tradicionais, modelos familiares ocidentais e redesignação de gênero”. A justificativa reflete a narrativa do Kremlin, que posiciona a Rússia como guardiã dos “valores tradicionais” em oposição ao que chama de “decadência moral” do Ocidente.

A acusação também inclui a suposta participação da fundação em uma “campanha de difamação contra a Rússia” desde o início da invasão à Ucrânia, em 2022, além de cooperação com ONGs consideradas “agentes estrangeiros”. A medida se soma a uma série de restrições impostas pelo governo russo contra a comunidade LGBTQIAPN+, incluindo a proibição de “propaganda LGBT” e o recente banimento do “movimento internacional LGBT” como “extremista”.

A Elton John AIDS Foundation ainda não se pronunciou oficialmente, mas a medida reforça o isolamento do país em relação a pautas progressistas e o aprofundamento de políticas autoritárias sob o governo Putin. Enquanto isso, a comunidade LGBTQ+ russa segue sob constante ameaça, com perseguições e censura cada vez mais severas.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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