Jovem trans some há um mês em SP e caso vira feminicídio; namorado e PM são suspeitos do crime

O desaparecimento de Carmen de Oliveira Alves, uma jovem trans de 26 anos, completou um mês no último sábado (12/07) e está sendo investigado como feminicídio pela Polícia Civil de São Paulo. Estudante de zootecnia no campus da Unesp em Ilha Solteira (SP), Carmen desapareceu após sair da faculdade, e seu corpo ainda não foi localizado. As investigações apontam que ela foi assassinada no Dia dos Namorados, em 12 de junho, na casa do então namorado, Marcos Yuri Amorim, localizada em um assentamento próximo ao Rio São José dos Dourados — último lugar onde ela foi vista. O local passou a ser vasculhado pelo Corpo de Bombeiros, que também realizou buscas dentro de um poço.

Dois suspeitos foram presos temporariamente por 30 dias no dia 10 de julho: o namorado de Carmen, Marcos Yuri, encaminhado à Cadeia Pública de Penápolis (SP), e Roberto Carlos de Oliveira, policial militar ambiental da reserva, levado ao presídio Romão Gomes, na capital. De acordo com a polícia, Carmen teria pressionado o namorado para que assumisse publicamente o relacionamento, e descobriu que ele praticava crimes. A jovem chegou a produzir um dossiê com provas, que foi apagado do computador dela. A investigação ainda aponta um triângulo amoroso: Roberto Carlos mantinha um envolvimento afetivo com Yuri e teria participado diretamente do assassinato.

A Polícia Civil obteve imagens de segurança que mostram Carmen saindo da Unesp e entrando na casa de Yuri, mas nenhuma imagem registra sua saída. Também foi solicitado à Justiça a quebra de sigilo telefônico dos três envolvidos — a vítima e os dois suspeitos —, e o rastreamento dos dados indicou que Carmen não deixou Ilha Solteira após o desaparecimento. Marcas de pneus compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava foram encontradas em uma área de mata próxima à universidade, e o sinal do seu celular foi captado pela última vez nas redondezas do rio da cidade.

Carmen era conhecida por sua gentileza, criatividade e envolvimento com as artes. No último ano do curso de zootecnia, ela morava com a mãe e sonhava com um futuro profissional promissor. Familiares e amigos têm se mobilizado em buscas e manifestações pedindo justiça e visibilidade para o caso. Em texto publicado nas redes sociais, a família descreveu Carmen como “uma mulher amada, estudiosa, trabalhadora e muito querida”, ressaltando que ela era “alegre, divertida e com muitos sonhos e metas para realizar”.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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