Justiça condena homem a quase 10 anos de prisão por esfaquear travesti idosa no Tocantins
A Justiça do Tocantins condenou Rodrigo Avelino Barros, de 20 anos, a 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado pela tentativa de homicídio contra uma travesti de 63 anos. O crime ocorreu em 1º de abril deste ano, em Carrasco Bonito, no norte do estado, após uma discussão entre os dois.
A vítima foi esfaqueada e socorrida em estado grave, sendo submetida a cirurgia e permanecendo com sequelas significativas, como o uso contínuo de sonda. A sentença foi proferida pelo juiz Alan Ide Ribeiro da Silva, da Comarca de Augustinópolis, que também decidiu manter a prisão preventiva do réu diante da gravidade dos fatos e das ameaças constantes à vítima.
Segundo a decisão judicial, Rodrigo confessou o crime durante interrogatório. Após o ataque, ele tentou fugir, mas acabou sendo localizado e preso pelas autoridades. Para o magistrado, nenhuma medida alternativa seria capaz de garantir a segurança da vítima, que continua em situação de risco. “Assim, nego ao réu o direito de recorrer em liberdade e mantenho a sua prisão preventiva, devendo permanecer no cárcere em que se encontra, pois não vislumbro nenhuma outra medida como sendo adequada ao presente caso”, declarou o juiz na sentença.
A Defensoria Pública do Estado do Tocantins, responsável pela defesa do agressor, divulgou nota afirmando que não comenta decisões judiciais envolvendo seus assistidos. O órgão destacou ainda que a atuação da Defensoria visa assegurar julgamento justo e com pleno direito ao contraditório, como previsto pela Constituição Federal. “Importante informar que todas as pessoas têm direito à defesa…”, diz o comunicado.
O caso levanta mais uma vez o alarme sobre a vulnerabilidade de pessoas travestis e trans no Brasil, país que figura entre os mais perigosos do mundo para essa população. Mesmo diante de uma tentativa de homicídio brutal, o cenário continua sendo de abandono social e institucional, com ausência de políticas eficazes de proteção. A condenação, embora importante, não apaga o trauma nem as marcas da violência – e evidencia a urgência de combater a transfobia de forma estrutural, sistemática e contínua.