Morre Leandro Abusado, funkeiro gay famoso nos anos 2000, vítima de infecção rara
A cena do funk carioca perdeu nesta segunda-feira (29/07) um de seus nomes mais irreverentes e pioneiros. Leandro Rogério, conhecido como Leandro Abusado, morreu aos 40 anos em decorrência da Síndrome de Fournier, uma infecção bacteriana grave e rara que atinge a região perineal e pode evoluir rapidamente para necrose dos tecidos. Leandro foi internado no Posto de Assistência Médica (PAM) de Irajá, na Zona Norte do Rio, onde travou uma batalha contra a doença nos últimos meses.
Em março, já visivelmente debilitado, ele compartilhou com seus seguidores detalhes do sofrimento físico e do atraso no diagnóstico: “Minhas partes íntimas começaram a inchar, eu não sabia o que era… vi que estava saindo um cheiro estranho. Fui ao hospital e já estava algumas partes necrosadas”.
Gay declarado e com uma trajetória marcada por irreverência, talento e resistência, Leandro ficou conhecido no início dos anos 2000 ao lado da cantora Maysa no grupo Leandro e As Abusadas. O duo se destacou nos lendários bailes da Furacão 2000, abrindo espaço para a presença de corpos e vozes LGBTQIAPN+ no universo do funk — ainda predominantemente machista na época. Ao longo dos anos, mesmo com a redução na frequência dos shows, Leandro se manteve presente na cultura digital e musical, sendo um dos compositores do hit “Aqui no baile do Egito”, faixa que ressurgiu com força nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde se transformou em trilha sonora de desafios e coreografias.
Durante o tratamento, o cantor contou com o apoio de amigos e seguidores, e chegou a organizar uma vaquinha virtual para custear os insumos básicos que precisava — entre eles, fraldas geriátricas e curativos. A campanha arrecadou R$ 1.699,56. A morte de Leandro Abusado gerou comoção entre fãs e colegas. Maysa, sua amiga de longa data e parceira de palco, desabafou nas redes: “Não estou acreditando que você se foi. Ainda bem que consegui te ver, me despedir de você. Minha risada nunca mais será a mesma sem você. Vai com Deus, meu amor”. O Pheeno se solidariza com familiares, amigos e fãs de Leandro Abusado, e reconhece sua importância como artista LGBTQIAPN+ que marcou uma época.
