“Nunca esperei perder um filho”, diz mãe de jovem morto após agressão homofóbica em Manaus

Ainda em estado de choque, sem conseguir dormir e convivendo com o peso de uma ausência irreparável, a mãe do adolescente Fernando Vilaça, de apenas 17 anos, falou com exclusividade ao portal CENARIUM sobre a dor de perder um filho de forma tão brutal. Espancado até a morte após questionar por que estava sendo chamado de “viadinho”, Fernando não resistiu aos ferimentos e faleceu no sábado (05/07), no Hospital João Lúcio, na capital amazonense.

“Nunca esperei perder um filho”, desabafou a mãe, que agora pretende deixar a casa onde morava com os filhos: “Eu não quero mais ficar aqui, o sofá me lembra ele… ele ficava fazendo a tarefa dele aqui.” Descrito como um jovem carinhoso, dedicado e responsável, Fernando era um dos seis filhos da mulher, que preferiu não ter o nome divulgado, e era também apoio fundamental para os cuidados da irmã Ana, Pessoa com Deficiência (PCD). Após a tragédia, Ana adoeceu e se recusa a dormir no quarto onde dividia espaço com o irmão. “Ela estava com febre, nem queria dormir no quarto. Dizia: ‘mamãe, a cama dele está vazia’”, contou a mãe, acrescentando que tem buscado forças para consolar os demais filhos. “Eu dizia pra ela: ‘o espírito dele está aqui. Ele não gostava que você chorasse’.”

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) confirma a violência da agressão: Fernando sofreu edema cerebral, traumatismo craniano e hemorragia interna provocados por ação contundente. Segundo relatos da mãe, tudo começou quando pediu que o filho comprasse leite em uma padaria próxima. Ao ver os suspeitos na esquina, ele voltou para casa e saiu novamente acompanhado dos irmãos. Minutos depois, foi brutalmente atacado com um chute na cabeça, que o arremessou contra o muro da escola. “Foi uma porrada muito forte, que estalou. Meu filho caiu todo se tremendo, duro no chão”, lembrou a mãe.

O crime aconteceu na Rua Três Poderes, bairro Gilberto Mestrinho, Zona Leste de Manaus, na quarta-feira (02/07). Vídeos que circulam nas redes sociais mostram os agressores fugindo logo após o ataque, enquanto familiares de Fernando — a mãe e dois irmãos — aparecem nas imagens tentando socorrê-lo. A família, devastada, clama por justiça. “Foi covardia. Meu filho não merecia isso”, concluiu.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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