Estudo mostra que jovens trans são tão consistentes em sua identidade quanto os jovens cisgêneros

Um novo estudo realizado para a Sociedade de Pesquisa em Desenvolvimento Infantil (SRCD) trouxe dados importantes para desmistificar preconceitos em torno da vivência trans. A pesquisa, publicada no mês passado, analisou a identidade de gênero e a sexualidade de mais de 900 jovens cisgêneros e transgêneros na América do Norte entre 2013 e 2024. O resultado mostrou que, para uma esmagadora maioria, a identidade de gênero e a sexualidade continuam sendo um “traço amplamente estável”.

Mais de 80% permaneceram confortáveis com sua identidade de gênero expressa, incluindo crianças trans que realizaram a transição ainda na infância. O estudo revelou ainda que jovens trans não são “nem mais nem menos propensos” a demonstrar arrependimento em relação à sua identidade do que jovens cis. Quando havia desejo de mudança, geralmente era no sentido de se identificar como não binário, em vez de retornar ao gênero designado ao nascer. Outro dado relevante mostrou que quase 12% dos participantes que mudaram de gênero eram registrados inicialmente como cis, mas ao longo do tempo passaram a se identificar como trans.

Além da questão de gênero, a pesquisa também observou “altas taxas” de jovens que se autodeclararam LGBTQIAPN+ em termos de orientação sexual. Isso aponta para uma “mudança substancial em direção à flexibilidade no pensamento sobre gênero e sexualidade entre os jovens de hoje”, segundo os autores. Os resultados desafiam uma “suposição importante presente em décadas de pesquisa clássica em psicologia do desenvolvimento”, ao demonstrar que todos os jovens — cis ou trans — podem repensar suas identidades ao longo do tempo.

Os pesquisadores concluíram: “Esperamos que esses resultados não apenas refinem as teorias da nossa área sobre como os jovens conceituam as identidades sociais de gênero e orientação sexual, mas também informem uma compreensão social mais ampla e o apoio a crianças e adolescentes de gênero diverso e minorias sexuais.”

O estudo também desmonta a ideia da chamada Disforia de Gênero de Início Rápido (DGR), teoria desacreditada usada por grupos antitrans que sugeria um “contágio social” entre jovens. Publicada em 2016 pela médica Lisa Littman, a hipótese foi rejeitada por mais de 60 grandes organizações médicas, incluindo a Associação Americana de Psicologia, e já não é reconhecida em ambientes clínicos.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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