Lenda de ‘Drag Race’, Valentina fala sobre transição lenta: “Ainda sou uma bebê trans”

No universo vibrante e muitas vezes desafiador do drag, a busca por autenticidade pode ser um processo intenso e profundamente pessoal. Valentina, famosa por suas participações em RuPaul’s Drag Race, tem vivido essa jornada com coragem e delicadeza, mostrando que a construção da própria identidade é um caminho que exige respeito ao tempo de cada pessoa. Em entrevista ao jornal espanhol Shangay, Valentina abriu o coração sobre sua transição de gênero, os impactos da perda do pai em sua vida e a busca por uma feminilidade plena, que agora está sendo revelada aos poucos para o mundo.

“Antes, eu me identificava como não binária, embora sempre tenha sido mulher. Mas eu mantinha uma imagem que meu pai conseguia entender e respeitar. Depois que passei pela minha fase de garoto gay, após a morte dele [em 2019], me senti pronta para mostrar minha feminilidade completa”, contou a artista. A trajetória de Valentina também foi marcada por escolhas cuidadosas, principalmente diante do trabalho na televisão. “Eu ia começar a apresentar o Drag Race México e adiei o início dos hormônios porque não queria estar em outro país, filmando em um set de língua espanhola e surtando com os efeitos que eles poderiam ter.”

Hoje, Valentina se vê em um momento de transformação profunda e gradual. “Agora estou em uma fase de metamorfose, onde estou construindo a mulher dos meus sonhos. Mas a borboleta ainda não saiu. Se eu for devagar, é porque sinto que é assim que deveria ser. Há muita pressão social para se tornar a pessoa dos seus sonhos da noite para o dia, mas ainda sou uma bebê trans.” Ela revela que o equilíbrio conquistado entre sua expressão feminina e sua voz verdadeira é fruto de tempo e autoconhecimento: “Antes, eu exagerava minha feminilidade; agora encontrei meu rosto e minha voz.”

Sobre o impacto da fama que o Drag Race lhe trouxe, Valentina mantém a humildade e gratidão: “Não me sinto tão famosa, para ser honesta, mas sou muito grata por tudo que [Drag Race] trouxe.” Questionada sobre uma possível volta à competição, ela não fecha portas, mas deixa claro seu foco atual: “Sobre competir de novo… Não sei. O que tenho claro é que quero me manter ocupada o tempo todo, e se estou ocupada agora, é graças ao drag.”

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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