Há dois anos, perdíamos Lorna Washington — e ganhávamos uma eternidade de legado

Há dois anos, no dia 30 de outubro, a cena LGBTQIAPN+ carioca se despedia de Lorna Washington, uma das artistas mais icônicas da noite e do transformismo brasileiro. Símbolo de elegância, humor afiado e resistência, Lorna abriu caminhos quando ser uma drag queen preta, periférica e ousada era enfrentar uma sociedade ainda mais violenta e excludente. Sua partida deixou um vazio profundo — e uma lembrança eterna para quem viveu, celebrou e foi tocado pela sua arte.

O legado de Lorna transcende o palco. Muito além das boates lendárias onde brilhou, ela foi referência para gerações de artistas e militantes que enxergavam na sua presença a prova viva de que a arte drag não é caricatura — é cultura, é política, é sobrevivência. Lorna foi pioneira na construção de espaços de afeto e visibilidade para corpos dissidentes, deixando um rastro de coragem que inspira nomes que hoje ocupam o centro da cultura pop, mas que caminham sobre uma estrada pavimentada por figuras como ela.

Dois anos depois, Lorna Washington segue viva na memória coletiva da comunidade LGBTQIAPN+. Seu nome ecoa nos palcos, nos camarins, nas noites cariocas e nos sonhos de quem insiste em brilhar, mesmo quando o mundo insiste em apagar. Lorna foi — e permanece — referência de talento, dignidade e resistência. Celebrá-la é lembrar que a história drag do Brasil tem raízes profundas, pretas, potentes, e que nenhuma estrela que nasce agora surge sozinha: alguém segurou a luz antes. E Lorna segurou com maestria.

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