Influencer conservadora diz que Halloween é “satânico” e estaria “entrelaçado com o orgulho LGBTQ+”

O Halloween, que há anos virou motivo de celebração e criatividade dentro da comunidade LGBTQIA+, foi transformado em mais um campo de batalha da guerra cultural pela influenciadora ultraconservadora norte-americana Allie Beth Stuckey. Em seu podcast, a comentarista cristã decidiu levantar teorias espirituais e demoníacas para justificar seu incômodo com a data, acusando o feriado de ser “satânico” e ainda afirmando que ele estaria “entrelaçado com o orgulho LGBTQ+”. Segundo ela, há forças malignas em ação — e aparentemente elas usam glitter, salto plataforma e peruca.

Durante o episódio, Stuckey, que era próxima do falecido agitador de direita Charlie Kirk, não chegou a dizer abertamente que cristãos deveriam boicotar o Halloween. Mas, em tom alarmista, fez questão de alertar seus seguidores sobre “principados espirituais malignos” que estariam agindo nesta época do ano. O detalhe? Esses “seres do mal”, segundo sua narrativa, seriam nada mais nada menos do que pessoas LGBTQIA+ celebrando uma das festas mais lúdicas e teatrais da cultura pop. A fantasia virou “ameaça espiritual” — e, claro, a “desconstrução das normas sexuais” entrou no pacote de temores.

Para reforçar sua cruzada moral, a influenciadora exibiu um vídeo compartilhado pelo cantor cristão Forrest Frank, que afirmava que o Halloween seria o “dia mais importante para satanistas” e a noite com “o maior número de sacrifícios humanos no planeta”. Argumentos dignos de um roteiro de terror… de quinta categoria. A retórica, alimentada por pânico moral e sensacionalismo, ecoa a típica demonização da comunidade LGBTQIA+ — literalmente, neste caso — em vez de lidar com o fato simples de que as pessoas gostam de se fantasiar, celebrar e se divertir.

Curiosamente, depois de toda a pregação espiritual e do tom apocalíptico, Stuckey encerra seu discurso revelando que suas três filhas pequenas… participam normalmente do Halloween. Segundo ela, as meninas podem se fantasiar e pegar doces em algumas casas selecionadas — tudo muito controlado, claro, já que o feriado seria, em suas palavras, “um importante ritual satânico”. Entre supostos “sacrifícios humanos” e princesas Disney pedindo balas na porta dos vizinhos, fica a sensação: o verdadeiro terror é ver até onde vai a criatividade do fundamentalismo quando o assunto é demonizar a comunidade LGBTQIA+ — e o nosso brilho continua mais forte do que qualquer “mal espiritual”.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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