João Lucas Reis fala sobre ser o único tenista gay assumido e dispara: “Não quero ser um exemplo”
Quase um ano após se tornar o único tenista profissional gay assumido do circuito mundial, o pernambucano João Lucas Reis da Silva, de 25 anos, vive um momento de equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira. Em entrevista ao site argentino La Nación, o atleta contou que está feliz ao lado do namorado, o ator e modelo Guilherme Ricardo, mas deixou claro que seu foco principal segue sendo o esporte.
“Estou no meu melhor nível por me concentrar 100% no tênis, e não quero que isso mude”, afirmou o tenista, que atualmente ocupa a 211ª posição no ranking da ATP. Desde que tornou pública sua sexualidade em dezembro do ano passado, João Lucas tem sido apontado como símbolo de representatividade no tênis masculino, um meio ainda marcado pelo machismo e pela falta de visibilidade LGBTQIAPN+. Mesmo assim, ele evita abraçar o papel de ativista. “Não quero ser um exemplo”, declarou. “Me ofereceram anúncios, palestras e campanhas, mas não quis. Um tenista já lida com muita pressão e muitas coisas passando pela cabeça. Quanto mais simples for o dia a dia, melhor conseguimos lidar com as coisas em quadra.”
Antes de se assumir publicamente, o atleta já vivia seu relacionamento de forma aberta no Brasil, o que fez com que sua revelação não fosse uma grande surpresa entre amigos e colegas mais próximos. No entanto, para o mundo do tênis, sua coragem marcou um ponto de virada. “É muito difícil que a homossexualidade não seja discutida no tênis masculino. Há muito machismo e estereótipos de que o homem precisa parecer mais forte e masculino; mas é um pouco triste”, comentou João Lucas, ao refletir sobre a resistência do esporte em aceitar outras formas de masculinidade.
Hoje, o brasileiro enxerga sua presença no circuito como um sinal de mudança, mesmo sem levantar bandeiras. “Quando comecei a conhecer amigos no Rio de Janeiro que eram parecidos comigo, foi aí que entendi que eles não tinham problemas. Eles não escondiam nada. Eu me senti bem quando comecei a ver pessoas que eram como eu”, contou. “As coisas estão melhores, mas ainda há muito a melhorar. Estamos em 2025 e eu sou o primeiro a me manifestar… é engraçado. Acho que não sou o único… Se posso postar uma foto com meu namorado, é porque as coisas estão mudando.”

