Casal é perseguido por taxista durante ataque lesbofóbico em Botafogo, no Rio: “Filhas do demônio”
O fim de tarde desta terça-feira (18) em Botafogo, na zona sul do Rio, terminou em violência para o casal Anna Carolina Oliveira, de 31 anos, e Bruna Saavedra, de 34. As duas caminhavam pela rua Visconde de Ouro Preto, dividindo um guarda-chuva por causa da chuva, quando foram surpreendidas por um ataque lesbofóbico vindo de um taxista. O motorista, aos gritos, passou a insultá-las com ofensas de teor homofóbico, chamando atenção de quem passava pelo local — mas não o suficiente para que alguém interviesse.
As agressões verbais, registradas em vídeo por uma amiga que acompanhava Anna, mostram o taxista repetindo palavrões e justificando o ataque pela orientação sexual das duas. “Isso é uma vergonha! Fora, comunista!”, grita o homem. Em choque, Anna tenta entender o motivo da hostilidade enquanto chora, e o homem reafirma o caráter preconceituoso dos insultos. “Porque você é lésbica! Porque você é homossexual! Deus não quer você assim, filha do capeta”, diz o agressor.
Bruna contou ao portal Híbrida que elas tentaram seguir o caminho e ignorar o agressor, mas a insistência dele em acompanhá-las aumentava o desespero. “A gente tentou continuar andando, mas ele insistiu em xingar e continuar perseguindo a gente”, conta ela. Só quando funcionárias de um salão próximo perceberam o estado emocional de Anna e abriram a porta para oferecer abrigo e um copo d’água a situação teve fim. Do lado de fora, segundo o relato, várias pessoas observavam a cena, mas ninguém tomou a iniciativa de ajudar ou confrontar o taxista. “Um monte de gente observava e ninguém ajudou.”
Juntas desde 2019 e casadas há três anos, Anna e Bruna decidiram registrar um boletim de ocorrência online, classificando o caso como crime de preconceito. O agressor ainda não foi identificado. Para o casal, tornar o episódio público é uma forma de alertar que ataques lesbofóbicos seguem acontecendo, mesmo em grandes centros urbanos. Elas reforçam que estavam apenas caminhando abraçadas por causa da chuva — um gesto simples que, em pleno 2025, ainda é usado como justificativa para atos de ódio.

