Estudante da Universidade de Brasília chama colega não-binário de “viadinho” e acaba presa
O que começou como uma discussão entre dois estudantes da Universidade de Brasília (UnB) terminou em caso policial e na prisão de uma aluna de 23 anos. O episódio aconteceu na última terça-feira (11), por volta das 18h, no campus Darcy Ribeiro. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, a confusão começou quando um aluno que se identifica como pessoa não-binária entrou no banheiro feminino do Instituto Central de Ciências (ICC) para usar o espelho. No local, estava uma estudante do curso de Agronomia, que reagiu de forma agressiva ao vê-lo entrar.
De acordo com os relatos, a universitária teria afirmado que o colega “não poderia estar ali por ser biologicamente homem”, o que deu início a uma discussão acalorada. A troca de ofensas acabou se estendendo até o pátio do prédio e foi presenciada por outros alunos. Durante o desentendimento, a jovem chamou o colega de “viadinho” e “jack”, uma gíria usada para se referir a alguém como “estuprador”. Diante das agressões verbais, o estudante acionou a segurança do campus, e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi chamada. Ambos foram encaminhados à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) para prestar depoimento.
Na delegacia, a vítima relatou que costuma utilizar tanto o banheiro masculino quanto o feminino e afirmou ter se sentido alvo de injúria homofóbica. Já a aluna confirmou ter impedido o colega de usar o banheiro e reconheceu o uso dos insultos, além de debochar durante o interrogatório ao ouvir o nome da vítima. Com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), o caso foi enquadrado como injúria racial na forma de injúria homofóbica. A estudante foi indiciada com base no artigo 2º-A da Lei 7.716/89, sem direito a fiança em sede policial.
Enquanto era conduzida à delegacia, um amigo da vítima publicou em rede social uma mensagem chamando a autora das ofensas de “vadia” e também acabou sendo autuado por injúria. Em nota, a Universidade de Brasília informou que acompanha o caso junto aos órgãos competentes e reafirmou seu compromisso com os direitos humanos, a diversidade e o respeito à convivência dentro da instituição. A UnB declarou ainda que está oferecendo apoio e acompanhamento a ambas as partes, garantindo o direito à ampla defesa e à integridade de todos os envolvidos.

