FARM é atacada por mulheres conservadoras após reafirmar políticas de diversidade e inclusão

A associação MÁTRIA, grupo autointitulado de defesa dos direitos de mulheres e meninas, lançou nas redes sociais uma campanha de boicote à marca FARM e a todas as empresas que fazem parte do grupo SOMA, que inclui nomes como Animale, Foxton, Maria Filó, Fábula, NV, Hering e Arezzo. O motivo, segundo o grupo, seria o “desrespeito” da grife ao “não manter trocadores exclusivos para o sexo feminino” em uma de suas lojas em Blumenau (SC).

Em vídeo publicado no Instagram, a associação afirma ter recebido o relato de uma mãe que visitou a loja acompanhada da filha de 13 anos. No vídeo, a mulher conta que a menina teria ficado assustada ao ser atendida por um “homem de barba maquiado” e pediu para que a mãe não se afastasse “com medo de ser tocada pelo atendente”. Nenhuma denúncia de assédio foi registrada — o desconforto relatado se baseia unicamente na aparência e identidade de gênero da pessoa que trabalha na loja.

Na legenda do vídeo, a associação defende o boicote como “uma das armas para fazer valer os direitos das mulheres” e acusa a FARM de “colocar diversidade e inclusão acima da segurança das clientes”. O texto diz ainda: “Chega de priorizarem os sentimentos de um pequeno grupo em detrimento dos direitos de metade da população.”

O movimento, porém, ganhou rapidamente um tom abertamente transfóbico e homofóbico, com diversos perfis nas redes reproduzindo a campanha e associando a presença de pessoas LGBTQIA+ em ambientes de trabalho à ideia de ameaça e insegurança.

A FARM, por sua vez, tem um histórico consistente de defesa da diversidade, inclusão e representatividade, tanto em suas campanhas quanto na política interna de contratação. A marca é conhecida por celebrar corpos e identidades plurais e, em nota pública recente, reforçou seu compromisso com a pluralidade, a empatia e o respeito. Nas redes, muitos usuários saíram em defesa da grife e criticaram o boicote. “É revoltante ver uma marca sendo atacada por fazer o mínimo: tratar pessoas LGBTQIA+ com dignidade”, escreveu uma seguidora. Outro comentou: “O que essa associação chama de defesa das mulheres é, na prática, puro preconceito.”

O caso escancara como a transfobia e o pânico moral ainda são usados como ferramentas políticas e discursivas em disputas públicas — especialmente quando envolvem corpos dissidentes e visibilidade LGBTQIA+. A tentativa de transformar uma política de inclusão em uma ameaça coletiva mostra que, em pleno 2025, a luta por respeito e diversidade ainda encontra resistência até entre grupos que se dizem em defesa dos direitos humanos.

Thiago Araujo

Thiago Araujo é editor-chefe e criador do Pheeno! Referência no cenário pop LGBTQIA+ nacional, o carioca de 36 anos é jornalista e empresário do ramo do entretenimento, além de agitar as pistas como DJ mundo afora!

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