Felicidade queer não tem idade: comunidade de gays 60+ inspira o mundo ao celebrar amor, amizade e inclusão
Em tempos em que o envelhecimento ainda é tratado como silêncio, um grupo de homens gays decidiu responder com música, dança e afeto. A comunidade Daddy’s Torremolinos, criada em 2024, mostra que a alegria também envelhece — e continua linda. O vídeo de um de seus encontros, que se espalhou pelas redes nas últimas semanas, traduz o espírito dessa revolução tranquila: incluir, conectar, rir, compartilhar e combater a solidão.
“Mais uma vez, vivemos um evento com um propósito muito claro: incluir, conectar, rir, compartilhar e combater a solidão indesejada. Obrigado por fazer disso algo tão maravilhoso, humano e autêntico”, escreveu a organização nas redes — em uma mensagem que resume a alma dessa comunidade, feita de acolhimento, afeto e pertencimento.
Nascida em Torremolinos, cidade litorânea da Andaluzia conhecida desde os anos 1960 como um dos primeiros destinos gays da Europa, a Daddy’s se tornou símbolo de liberdade e celebração da maturidade LGBTQIA+. Criada inicialmente como um grupo no Facebook, hoje reúne entre 300 e 400 participantes em seus famosos “tardeos” — festas de fim de tarde ao som de clássicos dos anos 70 e 80. Mais do que diversão, o projeto combate o isolamento social e promove a ocupação de espaços que antes pareciam reservados aos mais jovens.
A comunidade também celebra a convivência entre gerações, acolhendo jovens que admiram e respeitam homens maduros. “Celebramos a conexão entre gerações e o ambiente inclusivo e humano que nasce dessa troca”, reforça a organização.
Mais do que uma festa, a Daddy’s Torremolinos é um manifesto de amor maduro e liberdade queer — um lembrete de que alegria, amizade e desejo não têm prazo de validade. E num país como o Brasil, onde tantas pessoas LGBTQIA+ mais velhas ainda enfrentam o isolamento, é urgente se inspirar em exemplos como esse para construir um futuro onde envelhecer também signifique pertencer.

