Garotos de programa sofrem roubos semanais em SP e criam investigação própria após resistência da polícia

Garotos de programa que atuam em São Paulo têm relatado uma sequência de assaltos recorrentes na região do Sacomã, na zona sul da cidade, e dizem ter mudado completamente sua rotina de trabalho por medo. Segundo apuração da Folha de S. Paulo, os profissionais estariam sendo atraídos ao bairro por perfis falsos que se passam por clientes, e ao chegar ao endereço marcado, caem em emboscadas. A maioria dos atendimentos é negociada pela plataforma Garoto com Local, considerada a maior do país voltada a acompanhantes masculinos, onde, segundo eles, criminosos estariam criando contas falsas para contratar programas e armar os golpes.

Os relatos, que já circulam há semanas entre grupos de trabalhadores do sexo, apontam que os suspeitos usam sempre o mesmo método: fazem o contato durante a madrugada, não discutem valores, prometem pagamento em espécie e até enviam carros por aplicativo. Ao chegar às ruas Protocolo, Marquês Maricá ou Solemar — todas no Sacomã — os garotos de programa são abordados por homens em motos, têm seus pertences levados e, em alguns casos, são obrigados a desbloquear celulares e contas bancárias. Um desses casos, ocorrido em 20 de março, repercutiu no WhatsApp de mais de 200 profissionais após um jovem recém-chegado à capital ter uma arma apontada para a cabeça e perder R$ 7 mil.

Mesmo registrando boletins de ocorrência, muitos afirmam ter encontrado resistência de policiais na hora de relatar o crime por conta de sua profissão. Diante dessa dificuldade e da falta de respostas imediatas das autoridades, os profissionais decidiram iniciar sua própria investigação. Eles identificaram padrões nos números usados pelos golpistas, nas ruas escolhidas e no tipo de vítima — geralmente contas novas na plataforma, pessoas que acabaram de chegar à cidade ou iniciaram recentemente na carreira. Entre os garotos de programa mais experientes, já há mudanças de rotina: alguns passaram a atender apenas clientes antigos, outros só aceitam encontros próximos de casa, enquanto há quem receba exclusivamente em seu apartamento.

Enquanto aguardam algum posicionamento do Garoto com Local, os trabalhadores continuam cobrando alertas mais claros sobre áreas de risco, especialmente para novos cadastrados. A plataforma, que lucra de R$ 150 a R$ 3.000 por anúncio conforme o destaque, respondeu à Folha que não tem controle sobre quem entra em contato com os anunciantes e afirmou não ter assessoria de imprensa para comentar o caso. Já a Polícia Civil diz investigar todos os casos oficialmente registrados, reforçando a importância dos boletins de ocorrência.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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