Homem trans fala sobre transição, destransição e reencontro: “Me encontrei de novo”
Um relato sincero sobre identidade, autoconhecimento e liberdade vem ganhando força nas redes sociais através de A Pariera, homem trans americano que se define como filósofo da liberação e usa suas plataformas digitais para refletir sobre gênero, corpo e autenticidade. Em seus conteúdos, ele compartilha experiências pessoais e criou um guia de gênero e desconstrução para ajudar outras pessoas trans e não binárias que atravessam processos parecidos — sempre com um olhar crítico e acolhedor, longe de fórmulas prontas.
Em um texto íntimo e poderoso, A Pariera conta: “Nasci designado mulher ao nascer. Me assumi lésbica aos 16. Me assumi homem trans aos 19. Destransicionei aos 20. E me assumi de novo aos 27. Mas desta vez é diferente. Desta vez, não transicionei para escapar de mim. Transicionei porque finalmente me encontrei.”
Segundo ele, a destransição foi um ponto de virada — não por negar sua identidade, mas por permitir um reencontro profundo consigo mesmo. “A destransição me salvou porque me devolveu a mim. Voltar me salvou porque me fez escolher a verdade em vez da sobrevivência”, escreveu.
No texto, ele rejeita rótulos e narrativas fixas sobre ser ou não ser trans. “Isso não é uma história sobre ser trans ou não trans. É sobre o que acontece quando você entende que gênero é um sistema de crenças, não uma sentença. Que disforia não é o que você é — é algo que o corpo carrega. E que transição não é a resposta para a confusão — a libertação é.”
Em outro post, A Pariera aprofunda ainda mais sua reflexão e questiona os padrões que tentam enquadrar histórias como a sua: “Eu não me encaixo na história queer perfeita. Nem na história trans perfeita. Nem na de destransição perfeita. Nem na de cura perfeita. Nem mesmo nas palavras perfeitas. E talvez… você também não. Porque as histórias que nos entregam não são feitas para a verdade. São feitas para o controle. Para nos manter dentro de regras invisíveis sobre gênero, valor e quem temos permissão de ser.”
Mais do que um relato pessoal, a trajetória de A Pariera ecoa como um manifesto sobre autenticidade, vulnerabilidade e reconciliação com o próprio corpo e a própria história. Um lembrete de que a transição mais bonita é, muitas vezes, voltar pra si.

