Jogador denuncia homofobia de torcida e pressiona autoridades: “Não me afeta, mas não devemos normalizar”

O lateral Nacho Ruiz, de 28 anos, virou o centro do debate sobre violência e discriminação no futebol espanhol após sofrer uma sequência de insultos homofóbicos e sexistas durante o clássico entre Unión Balompédica Conquense e CD Quintanar del Rey, no último domingo. No estádio municipal de San Marcos, ele afirma ter sido atacado desde os primeiros minutos com expressões como “Viado de merda”, “bicha”, “filho da puta” e “coitada da mãe, ela tem uma menina e não um homem”, dirigidas por “grande parte da torcida”. A situação só foi contida quando o árbitro interrompeu a partida e alertou, pelo sistema de som, que o jogo seria abandonado caso os insultos continuassem.

Ruiz levou o caso adiante e reiterou sua denúncia em uma coletiva de imprensa convocada pelo Conquense. Ele reforçou que os ataques não o abalaram tecnicamente, mas destacou que são situações inaceitáveis no futebol atual. O lateral também chamou atenção para o fato de o estádio ter anunciado o episódio como algo “xenófobo e racista”, quando, segundo ele, se tratava claramente de comportamento “homofóbico e sexista”. Em sua fala, pediu que torcedores que promovem esse tipo de agressão sejam proibidos de entrar nos estádios e cobrou punições mais firmes para casos semelhantes.

A repercussão levou o presidente do CD Quintanar, Pedro Navarro, a enviar um pedido de desculpas ao jogador por WhatsApp, assegurando seu “descontentamento com os torcedores” e o compromisso em identificar os responsáveis pelo que Ruiz classificou como um episódio “bastante desagradável”. Em comunicado oficial, o clube reforçou sua política de “tolerância zero ao racismo e à homofobia” e anunciou uma investigação interna para aplicar as “medidas disciplinares mais severas” a quem for identificado, incluindo o banimento “tanto em casa quanto fora”. O time também garantiu “anonimato” para quem denunciar condutas contrárias aos seus valores.

Na sua primeira temporada no Conquense e dividindo a rotina entre o futebol, a moda e a criação de conteúdo, Ruiz afirmou que esse é o primeiro episódio desse tipo que vive dentro de campo e espera que seja o último — não apenas para ele, mas para qualquer atleta. Acostumado a receber ataques nas redes sociais por causa de seu estilo, ele pediu que jogadores se mantenham firmes e não normalizem comportamentos que distorcem o espírito do esporte. Em meio ao apoio “incrível” que diz ter recebido da equipe, ele avalia entrar com uma ação judicial.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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