Relatório revela: quase 200 líderes cristãos anti-LGBTQ+ são acusados de abuso infantil em 2025
Um levantamento publicado pelo jornalista norte-americano Evan Hurst expôs uma dura contradição dentro do discurso moralista de setores ultraconservadores cristãos. De acordo com o relatório, desde o início de 2025, quase 200 líderes religiosos e figuras anti-LGBTQ+ foram acusados de crimes de abuso infantil nos Estados Unidos. A atualização mais recente, divulgada em 31 de outubro, elevou o número para 188 casos distintos, envolvendo pastores, padres, professores de escolas cristãs e líderes de grupos de jovens. Apenas entre agosto e outubro, 50 novas denúncias, condenações ou prisões foram adicionadas à lista.
Segundo Hurst, o objetivo do levantamento é expor a hipocrisia de parte do movimento conservador, que frequentemente tenta associar falsamente a comunidade LGBTQ+ a comportamentos criminosos. “Até agosto, eu havia registrado 138 casos só neste ano. Agora, o número chega a 188”, destacou o jornalista. Os registros incluem abusos físicos e psicológicos cometidos dentro de instituições religiosas que, muitas vezes, se colocam como defensoras da “moral e dos bons costumes”.
A revelação surge em um momento em que a extrema direita norte-americana segue alimentando teorias conspiratórias contra pessoas LGBTs. Termos como “aliciador” (“groomer”, em inglês) e acusações infundadas de pedofilia têm sido usados para justificar ataques a drag queens, pessoas trans e espaços queer. No entanto, como observou Hurst, não há registros significativos de acusações reais de abuso envolvendo membros da comunidade LGBTQ+, ao contrário do que ocorre dentro de círculos religiosos conservadores.
O jornalista também criticou as políticas do governo Trump, que recentemente tentou rotular a chamada “ideologia trans” como uma forma de terrorismo doméstico, em mais uma ofensiva contra os direitos e a existência de pessoas trans. O contraste entre o discurso de “proteção das crianças” e o número crescente de acusações contra líderes religiosos evidencia um padrão de hipocrisia moral que vem sendo denunciado há anos por ativistas e jornalistas.

