Sob pressão do governo chinês, Apple remove aplicativos de namoro gay da App Store

A Apple voltou a ser alvo de críticas após remover os aplicativos de namoro gay Blued e Finka da App Store na China, atendendo a uma determinação do governo do país. As plataformas, extremamente populares entre homens gays chineses, desapareceram da loja de aplicativos da Apple e de diversas alternativas para Android, segundo informações da revista Wired. Apesar da remoção, usuários que já tinham os apps instalados ainda conseguem acessá-los.

A plataforma de notícias e serviços empresariais The China Project classificou o Blued como “não apenas o maior aplicativo de encontros para homens gays na China, mas também no mundo”. Já o Finka ocupa o segundo lugar no ranking chinês, com uma base ativa entre jovens LGBTs. Em resposta à polêmica, um porta-voz da Apple afirmou que a decisão seguiu uma ordem direta da Administração do Ciberespaço da China, reforçando que a empresa “segue as leis dos países onde opera”. O mesmo porta-voz explicou que a medida afetou apenas a loja chinesa e que o Finka, por opção do próprio desenvolvedor, já havia sido retirado de outras regiões.

Essa não é a primeira vez que a Apple cede à pressão do governo chinês em questões envolvendo a comunidade LGBTQ+. Em 2022, o aplicativo Grindr também foi removido da App Store no país. Embora a homossexualidade tenha sido descriminalizada em 1997 e deixado de ser classificada como transtorno mental apenas em 2001, pessoas LGBTQIAPN+ ainda enfrentam forte censura e ausência de direitos civis, incluindo a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A censura estatal segue restringindo qualquer visibilidade queer na mídia chinesa. Personagens LGBTQ+ são sistematicamente apagados de filmes e séries — como Friends e Bohemian Rhapsody — e contas de grupos queer foram banidas de plataformas como o WeChat, com conteúdos inteiros deletados.