Andrew Christian anuncia o fechamento definitivo da marca: “Com o coração apertado”

O fim de uma era chegou silencioso, mas carregado de emoção: a marca Andrew Christian, responsável por definir a estética da moda íntima gay dos anos 2000 para cá, encerrou oficialmente suas atividades após mais de duas décadas no topo do desejo queer. As cuecas cavadas, os suspensórios sensuais e as campanhas ultra provocantes que dominaram clubes, redes sociais e fantasias ao redor do mundo agora entram para a memória afetiva da comunidade.

O próprio designer anunciou o encerramento do site com uma despedida comovente. “Hoje, com lágrimas, gratidão e o coração cheio de lembranças, encerramos o site da Andrew Christian”, escreveu. “É com o coração apertado, mas profundamente grato, que nos despedimos… o amor, as histórias e a comunidade que construímos juntos permanecerão conosco para sempre.”

Em paralelo, Christian voltou a refletir publicamente sobre o impacto pessoal e coletivo de sua marca. No Instagram, contou como a moda se tornou uma ferramenta de sobrevivência enquanto ele lidava com sua identidade gay. “O que começou como uma luta pela sobrevivência de um jovem queer se transformou em um movimento de autoexpressão, visibilidade e alegria sem reservas”, afirmou. Para ele, o legado da marca vai além das peças: “Juntos, não apenas criamos roupas — criamos espaço. Construímos uma comunidade. Fizemos as pessoas se sentirem vistas.”

As pistas do encerramento vinham sendo dadas nas últimas semanas, com liquidações massivas e anúncios discretos. Em entrevista ao Queerty, Christian explicou que a decisão foi influenciada por mudanças profundas no consumo e no cenário político. “Houve uma mudança clara no comportamento do consumidor”, disse, citando o avanço de plataformas como Shein e Temu, onde cuecas são vendidas a preços quase simbólicos. Ele também comentou como o clima político atual afastou grandes investidores de marcas voltadas ao público LGBTQIA+: “Há uma relutância em se associar a negócios focados na comunidade que simplesmente não existia há alguns anos.”

Mesmo diante do encerramento, o designer ainda entregou sua última coleção, BESPOKE, que descreveu como um “reflexo profundamente pessoal do meu próprio estilo”. Livre da rotina de administrar a label, Christian agora mira novos caminhos e projetos. “Depois de passar mais de duas décadas construindo uma marca, finalmente tenho espaço para explorar outras partes de mim”, revelou, mencionando que pretende escrever, orientar jovens criativos LGBTQIA+, viajar e manter forte seu engajamento político. “Sempre vi a moda como uma forma de ativismo e agora estou pronta para explorar o que isso significa além das passarelas.”

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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