Cliente de academia que ofendeu mulher trans em banheiro é indiciada por transfobia
A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito que investigava o caso de transfobia contra a jovem Ayla Vitória, de 22 anos, em uma unidade da academia Pratique, em Contagem, na Grande BH. A cliente responsável pelas agressões verbais foi indiciada após se referir à vítima como homem e questionar sua presença no banheiro feminino, episódio registrado em vídeo no mês de novembro. As imagens mostram a suspeita, de 49 anos, hostilizando Ayla e reclamando da presença dela no espaço reservado às mulheres.
No registro feito pela própria vítima, a agressora alega que seu filho, uma criança de 7 anos, não poderia entrar no banheiro feminino por ser do sexo masculino. Em seguida, dispara ataques transfóbicos contra Ayla: “Uma criança não pode entrar no banheiro feminino, mas ‘traveco’, homem velho que se veste de mulher, pode entrar no banheiro de mulher”, disse a cliente. A fala, carregada de preconceito e violência simbólica, foi usada pela polícia como prova para caracterizar o crime.
Segundo a Polícia Civil, a mulher permaneceu em silêncio durante todo o processo investigativo, exercendo o direito constitucional de não prestar depoimento. Em nota, a corporação informou que “o laudo técnico produzido pela perícia constatou que a investigada proferiu injúrias de natureza transfóbica contra a vítima”. A suspeita compareceu à delegacia acompanhada de sua advogada e optou por não responder às perguntas da autoridade policial.
O delegado responsável pelo caso, Marcus Monteiro, destacou a gravidade desse tipo de conduta e lembrou que práticas discriminatórias motivadas pela identidade de gênero configuram crime de transfobia, equiparado ao racismo segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal. Com a conclusão da investigação, o inquérito já foi encaminhado ao Poder Judiciário, que dará prosseguimento ao processo.

