Em discurso, vereador do PL culpa feministas, gays e trans pela destruição das famílias
O discurso do vereador Jorge Bellé (PL) durante a sessão desta segunda-feira (8), em alusão ao Dia Nacional da Família, provocou forte repercussão dentro e fora da Câmara de Campo Bom, no Rio Grande do Sul. Ao subir à tribuna, o parlamentar afirmou que “feministas radicais, gays, trans… eles falam abertamente que querem destruir a família”, além de citar declarações do presidente Lula para reforçar sua fala.
Em seu argumento, Bellé associou ainda a suposta “desestruturação familiar” a problemas como depressão, ansiedade, baixo desempenho escolar e envolvimento com drogas, encerrando sua manifestação com: “Temos que manter firme quem cultiva a família. Sempre deixar ela protegida. Abençoa, Senhor, as famílias. Amém.” As declarações geraram desconforto imediato entre parlamentares e servidores pela forma como atacaram movimentos feministas e a população LGBTQIAPN+. A reação interna se intensificou ao longo da terça-feira (9), diante da pressão por um posicionamento oficial da casa legislativa.
Em resposta, a mesa diretora publicou uma nota de repúdio assinada pela presidente Kayanne Braga (PDT) e pelos membros João Paulo (MDB), Michele Closs (PDT) e Cleber Nunes (MDB). O documento afirma defender todas as configurações familiares e reforça que o conceito de família “transcende as questões biológicas e a dita configuração tradicional, com pai, mãe e filhos”. A nota também aponta que gays e trans não querem destruir família alguma, mas apenas formar as suas, e que negar esse direito “é um atentado a um dos mais fundamentais direitos humanos, o de constituir uma família”.
O texto ainda ressalta que o que realmente destrói famílias no Brasil é a violência contra a mulher e o feminicídio, e não a orientação sexual ou identidade de gênero. Além disso, alerta que discursos como o de Bellé acabam por incitar ódio e violência, atingindo diretamente famílias LGBTQIAPN+ que lutam por segurança e reconhecimento. A nota termina reforçando que aquilo que cada vereador diz na tribuna expressa exclusivamente sua opinião pessoal — e não a posição oficial da Câmara Municipal.

