Erika Hilton solta o verbo e rebate ataques transfóbicos após ser eleita ‘Mulher do Ano 2025’
A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), reconhecida como uma das Mulheres do Ano de 2025 pela revista Marie Claire, voltou às redes sociais nesta semana para responder de forma firme à onda de críticas que surgiu após o anúncio da homenagem. A escolha da parlamentar, que divide o título com nomes como Taís Araújo, Marisa Monte e Fernanda Torres, provocou polarização imediata. Erika, que já entrou para a história como a primeira mulher negra e trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, decidiu transformar a repercussão negativa em posicionamento político — e não poupou palavras.
Em seu pronunciamento, ela direcionou suas críticas a dois grupos específicos: os autodenominados “defensores da vida”, representantes da extrema-direita, e as “supostas feministas radicais”. Erika expressou surpresa com o incômodo causado pela homenagem, destacando que o título parece ter provocado mais reação entre seus opositores do que a crise real de violência de gênero no país. Para ela, a premiação virou cortina de fumaça para quem evita debater feminicídios: “E isso incomodar os ‘defensores da vida’ e até supostas ‘feministas’ mais do que a onda de feminicídios que assola nosso país diz muito sobre a prioridade dessa gentinha.” Segundo a deputada, o discurso moralista tenta justificar a omissão com ataques transfóbicos travestidos de indignação pública.
Erika também criticou a atuação — ou a falta dela — de setores do chamado “feminismo radical”, que, segundo ela, têm reproduzido a agenda da extrema-direita ao se calarem frente a pautas essenciais para mulheres brasileiras. “Coloco as supostas ‘feministas radicais’ no campo da extrema-direita. Pois se silenciaram no ano passado sobre o PL do Estupro e se silenciaram nesse ano sobre o PDL da Pedofilia,” afirmou. Para a parlamentar, não há feminismo possível quando há silêncio diante do racismo, da lesbofobia, da violência de gênero ou apoio a propostas que prejudicam mulheres lésbicas e marginalizadas.
Em resposta aos questionamentos sobre seu mérito, Erika Hilton listou parte de sua atuação no Congresso, lembrando projetos que se tornaram lei ou ganharam projeção nacional. Entre eles, a transformação do Projeto das Mães Cientistas em lei federal, iniciativas para anistiar mulheres condenadas por aborto, garantia de vestiários seguros em empresas, a denúncia que barrou o chamado “PDL da Pedof*lia” e a aprovação de um relatório que amplia o acesso de mulheres chefes de família a linhas de crédito da agricultura familiar. No fim, a deputada encerrou com ironia e autoconfiança: “Me desculpem a falta de humildade, mas eu sou uma das mulheres do ano. E essas que não gostaram, que encontrem logo seu espaço no PL Mulher e reduzam-se à insignificância de fazer campanha pra Damares no ano que vem.”

