Frankie Grande pede mais respeito aos passivos: “Nós temos um propósito na comunidade”

A estreia do novo podcast da jornalista queer Tracy E. Gilchrist, “Holding Space”, começou com força: sua primeira entrevistada foi ninguém menos que Frankie Grande, artista, performer e irmão mais velho de Ariana Grande. Aos 42 anos, Frankie segue firme em sua trajetória de assumir, com humor e vulnerabilidade, os debates que atravessam a comunidade LGBTQIAPN+. No papo, ele abriu espaço para discutir temas que, segundo ele, ainda recebem pouco respeito, como a valorização dos passivos.

Grande também comentou o videoclipe de “Boys”, lançado recentemente, em que aparece maquiado e trocando olhares com outros rapazes em um vestiário. Para ele, criar conteúdo assumidamente queer era uma necessidade pessoal, uma forma de celebrar sua feminilidade sem filtros. Durante a conversa, o artista contou que sempre achou “estranho e interessante” observar homens gays afeminados se masculinizando nesses espaços. “Homens gays como eu entram naquele vestiário, tiram a roupa e, de repente, temos que nos masculinizar para atrair outros homens. O que eu acho muito estranho e interessante, não é?”

Frankie seguiu aprofundando o tema ao refletir sobre como ambientes como academias e vestiários ainda pressionam homens gays a esconder gestos, trejeitos e jeitos de falar. “Acho muito interessante ver esses homens realmente queer, muito afeminados, se enrolando em suas toalhas e dizendo: ‘E aí, mano, beleza?’ E eu fico tipo, nossa, como é que a gente não pode ser abertamente queer ou abertamente afeminado nesses ambientes?”, afirmou. Para ele, “mesmo que você esteja lá para transar com outro homem, você ainda precisa se apresentar de forma masculina”.

Foi daí que nasceu a ideia de reivindicar esse lugar através da arte: “Eu queria reapropriar-me do papel de Power Bottom. É tipo, nós fazemos a maior parte do trabalho, querida”, brincou. Em tom de manifesto, completou: “É um hino para os passivos dominantes. Por que estamos envergonhando os passivos dominantes? Vocês, ativos, precisam deles. Nós temos um propósito na comunidade!”

Além de “Boys”, Frankie tem mantido um ritmo contínuo de lançamentos. Na semana passada, o artista divulgou o videoclipe de “I Don’t Remember”, obra que, segundo contou a Gilchrist, nasceu de uma reflexão tardia sobre seu próprio baile de formatura do ensino médio. Ele imaginou como tudo poderia ter sido diferente se tivesse tido a chance de levar um par gay — algo que, à época, sequer parecia uma possibilidade.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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