Justiça transforma em réu homem que agrediu mulher trans na porta de boate em Ribeirão Preto
O homem flagrado em vídeo agredindo uma mulher trans na saída de uma boate em Ribeirão Preto (SP) virou réu por injúria racial motivada por transfobia. O caso, registrado em setembro deste ano, ganhou grande repercussão após as imagens mostrarem a violência cometida contra Jade da Silva Morgado, de 22 anos. De acordo com o Ministério Público, além dos ataques físicos, Gustavo Candida de Jesus Costa também a ofendeu pela sua condição de mulher trans, configurando crime com motivação discriminatória.
A decisão que transforma Gustavo em réu foi assinada pela juíza Carolina Moreira Gama, da 1ª Vara Criminal, que também acolheu denúncia contra Ricardo Lucas Ferreira Guimarães por lesão corporal. A promotoria afirma que Ricardo arremessou um copo contra Jade enquanto ela tentava se defender do amigo. A jovem comemorou o avanço do processo e espera que ambos sejam condenados — a pena mínima prevista é de quatro anos. Paralelamente, uma ação cível também foi movida contra os dois.
O episódio aconteceu na madrugada de 20 de setembro. Testemunhas registraram o momento em que Gustavo puxou Jade pelos cabelos, bateu sua cabeça contra o chão e chegou a arrastá-la pelo asfalto, enquanto Ricardo atirava um copo em sua direção. Segundo a investigação, os dois homens foram atrás da vítima e de sua prima após o encerramento da festa, iniciando uma série de ofensas transfóbicas. Irritada com a situação, Jade jogou bebida no rosto de Gustavo, que reagiu com agressões brutais, só interrompidas após a intervenção de pessoas que estavam próximas.
Em nota, a defesa de Gustavo afirmou que ele acompanhará todos os atos do processo e negou qualquer motivação discriminatória. Ricardo, por sua vez, optou por não comentar o caso fora dos autos. Na época, Gustavo chegou a dizer nas redes sociais que o vídeo mostrava apenas o final da briga e declarou: “Ela é mulher trans, tudo bem. Pelo fato de ser mulher, eu errei em ter colocado a mão, isso eu assumo. Mas eu não ia ficar parado apanhando. Quem me conhece sabe que não sou transfóbico”. Para o Ministério Público, no entanto, os ataques tiveram claro teor ofensivo e discriminatório, como registrado na denúncia assinada pelo promotor Augusto Soares de Arruda Neto.

