Liberto após acordo com Trump, George Santos tenta se reinventar, mas contradições persistem

Após passar 84 dias atrás das grades, George Santos tenta vender a narrativa de um “novo homem”, mas suas próprias declarações continuam desmontando qualquer ideia de arrependimento genuíno. Condenado a sete anos por fraude no financiamento de campanha, o ex-deputado republicano teve a pena comutada após um acordo mantido sob sigilo com Donald Trump e deixou uma prisão em Nova Jersey em outubro. Desde então, aos 37 anos, Santos embarcou em uma turnê midiática que soa menos como autocrítica e mais como mais um capítulo de sua longa trajetória de contradições públicas.

Em entrevistas recentes, Santos até admite erros, mas foge de assumir responsabilidade plena, recorrendo ao discurso de perseguição. Ao Los Angeles Blade, afirmou que “a ambição é uma característica tóxica e, infelizmente, eu fui consumido por ela”, reconhecendo que ignorou o impacto de suas ações sobre outras pessoas. Ainda assim, tenta relativizar sua culpa ao sugerir que foi vítima de um “assassinato político”, reforçando a estratégia de deslocar o foco das próprias escolhas para supostos inimigos.

Mesmo tendo confessado no ano passado o uso indevido de fundos de campanha, identidade alheia e cartões de crédito, Santos agora revisa parte do que já havia admitido. “Eu não roubei cartões de crédito de ninguém… Eu não fiz compras na Hermès nem no OnlyFans”, declarou, contrariando versões anteriores. Paralelamente, descarta qualquer futuro cargo na atual Casa Branca e diz querer se dedicar à defesa da reforma do sistema prisional, após relatar uma experiência que classificou como “punitiva e desumanizadora”, com denúncias de ratos, comida vencida, micose, uso forçado de roupas íntimas sujas e longos períodos de confinamento solitário. “Precisamos reabilitar as pessoas. Só precisamos tornar isso humano”, afirmou.

Apesar do discurso de empatia recém-descoberta, Santos segue distante da comunidade LGBTQ+. O mesmo homem gay que copatrocinou projetos contra direitos civis LGBTQ+ e pela proibição de livros com essa temática nas escolas continua ignorando a plataforma homofóbica do Partido Republicano. “Não existe intolerância no Partido Republicano”, disse, ao mesmo tempo em que admitiu que “tenho quase certeza de que existe” sentimento anti-gay. Sobre pessoas trans, manteve o afastamento: “Não misturo meus problemas com os problemas da comunidade trans. Sou um homem gay”.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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