Sem provas, streamer afirma que “pessoas trans são mais pedófilas que pessoas normais”: “Dados reais”

Uma fala feita durante uma live recente pelo streamer Renanplay, ex-integrante do canal Caveira Games, chamou atenção pelo teor discriminatório direcionado à população trans. Durante a transmissão, ele afirmou que pessoas trans seriam “mais pedófilas que pessoas normais”, alegando que a declaração estaria embasada em supostos “dados”, sem apresentar qualquer fonte, pesquisa ou estudo que sustentasse a acusação.

A afirmação não possui respaldo científico. Não existe nenhuma pesquisa séria, revisada por pares ou reconhecida por instituições médicas e acadêmicas que indique que pessoas trans sejam mais propensas à pedofilia do que pessoas cis. A pedofilia é um transtorno relacionado à atração sexual por crianças e não tem relação com identidade de gênero, orientação sexual ou expressão de gênero, conforme apontam especialistas das áreas de psicologia, psiquiatria e criminologia.

Dados amplamente utilizados em estudos sobre violência sexual infantil mostram uma realidade oposta à narrativa apresentada pelo streamer. A maioria esmagadora dos casos de abuso contra crianças é cometida por homens cisgênero, geralmente pessoas próximas às vítimas, como familiares ou conhecidos. Ainda assim, esse dado raramente é usado para estigmatizar homens cis como um grupo, o que evidencia o caráter seletivo e ideológico desse tipo de acusação quando direcionada à população trans.

Especialistas explicam que associar pessoas trans à pedofilia faz parte de uma estratégia de pânico moral, historicamente usada para desumanizar minorias sociais e justificar exclusão, violência e retirada de direitos. Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana de Psiquiatria (APA) não reconhecem qualquer vínculo entre identidade de gênero e comportamento criminoso, e reforçam que a disseminação desse tipo de desinformação contribui diretamente para o aumento do estigma e da violência contra pessoas trans.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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