Thales Bretas fala sobre luto, filhos e recomeços: “Quem sou eu sem ser o viúvo do Paulo?”

Mais de quatro anos após a morte de Paulo Gustavo, o tempo segue impondo novos desafios e aprendizados a quem ficou. Viúvo do humorista, Thales Bretas voltou a falar publicamente sobre o processo de seguir em frente, atravessado não só pela dor da perda, mas também pela responsabilidade de criar os filhos do casal, Romeu e Gael, hoje com 6 anos. Em meio ao luto que ganhou dimensão coletiva no Brasil, o dermatologista tem buscado caminhos para reconstruir a própria vida sem apagar a história que viveu ao lado do artista.

Em entrevista a Maria Ribeiro no programa “Maria vai com as outros”, no YouTube, Thales refletiu sobre a necessidade de se reconhecer para além da figura de viúvo. “Sempre tentei me encontrar e isso veio muito forte depois do luto. Sou, sim, o viúvo do Paulo Gustavo, como todo mundo fala. Mas tenho uma construção prévia, que existiu e que eu reformulei cada vez mais dentro de tudo isso que eu vivi com ele. Sou uma pessoa transformada”, afirmou. Para ele, o processo de luto público nem sempre facilita essa travessia individual.

Thales também comentou como o sofrimento compartilhado pode, muitas vezes, aprofundar a dor. “Às vezes, é sim complicada essa história do luto coletivo, de se encontrar no sofrimento… Porque isso te carrega para uma situação que é muito dolorosa, que foi uma grande tragédia na minha vida. Mas eu ainda tenho muito vida pra seguir, dois filhos para criar. Eles te chamam para a vida”, disse, destacando que a paternidade tem sido um motor essencial para seguir adiante.

Após passar uma temporada na Austrália, onde ficou mais próximo da irmã e dos sobrinhos, Thales agora planeja um retorno ao Brasil com outro olhar sobre o cotidiano. “Hoje eu quero ter menos. Procurar, de alguma forma, nos entender no mundo de novo. Paulo me mostrava que a vida era aqui e agora. Ele realizou muitas de suas vontades… Quem sou eu sem ser o viúvo do Paulo? Sem estar na mídia o tempo todo. Quem sou eu na minha intimidade, na minha casa, com meus filhos, no meu consultório?”, questiona, apontando para um futuro em reconstrução, mas ainda profundamente marcado pelo amor e pela memória.