Foto: Premier League / divulgação

Jogador profissional revela ser gay em carta anônima: “O futebol não está pronto para um jogador sair do armário”

Foto: Premier League / divulgação

Um jogador da Premier League revelou neste sábado (11/07), em carta aberta anônima publicada pelo tabloide “The Sun”, que é gay e revelou os motivos que o impedem de falar livremente sobre sua orientação sexual. Segundo o atleta, o futebol não está preparado para um jogador sair do armário.

Há algo que me diferencia de outros jogadores da Premier League. Sou gay. Até escrever esta carta é um grande passo para mim. Apenas meus familiares e um círculo de amigos íntimos sabem sobre minha sexualidade. Não me sinto pronto para compartilhá-la com minha equipe ou meu treinador“, disse o jogador em carta divulgada pela Fundação Justin Fashanu, criada em homegem ao primeiro jogador abertamente gay da liga profissional de futebol inglesa.

Desde os 19 anos eu soube que eu era gay. Como me sinto tendo que viver assim? O dia a dia pode ser um pesadelo completo. Cada vez afeta mais minha saúde mental. Eu me sinto preso e meu medo é que divulgar a verdade sobre o que sou só vai piorar as coisas. Portanto, embora meu coração sempre me diga que preciso fazê-lo, minha cabeça sempre diz a mesma coisa: ‘Por que arriscar tudo?’”, continuou.

A verdade é que não acho que o futebol esteja pronto para um jogador sair do armário. O esporte precisa mudar radicalmente para que eu me sinta capaz de dar esse passo“, finalizou.

Confira a carta

“Quando era criança, tudo que eu sempre quis ser era um jogador de futebol. Eu não estava interessado em me sair bem na escola. Em vez de fazer lição de casa, eu aproveitava cada minuto livre com uma bola. No final, valeu a pena. Ainda hoje eu tenho que me beliscar quando eu vou disputar uma partida aos fins de semana diante de dezenas de milhares de pessoas. No entanto, há algo que me diferencia da maioria dos outros jogadores da Premier League.

Eu sou gay.

Escrever isso é um grande passo para mim. Apenas meus familiares e um grupo seleto de amigos sabem da minha sexualidade. Não me sinto pronto para compartilhar essa informação com minha equipe ou meu técnico.

Isso é difícil. Eu passo a maior parte da minha vida com esses caras e, quando entramos em campo, somos um time. Mas, ainda assim, algo dentro de mim torna impossível que eu seja aberto com eles sobre a minha sexualidade. Espero muito que um dia eu consiga dizer.

Desde os 19 anos eu soube que era gay. Como me sinto tendo que viver assim? Dia a dia, pode ser um pesadelo absoluto. E está afetando cada vez mais a minha saúde mental.

Eu me sinto preso e meu medo é que divulgar a verdade sobre o que sou só vai piorar as coisas. Portanto, embora meu coração sempre me diga que preciso fazê-lo, minha cabeça sempre diz a mesma coisa: ‘Por que arriscar tudo?’

Tenho a sorte de ganhar um salário muito bom. Eu tenho um carro bonito, um guarda-roupa cheio de roupas de grife e posso comprar tudo o que eu quero para minha família e amigos. Mas uma coisa que me falta é companheirismo.

Estou em uma idade em que gostaria de estar em um relacionamento. Mas por causa do trabalho que faço, o nível de confiança em ter um parceiro de longo prazo deve ser extremamente alto. Portanto, no momento, evito qualquer tipo de relacionamento. Espero muito que em breve encontre alguém que eu ache que seja quem eu espero.

No ano passado, recebi apoio da Fundação Justin Fashanu para lidar com o impacto que isso tudo tem sobre minha saúde mental. É difícil colocar em palavras o quanto a Fundação ajudou. Isso me fez sentir apoiado e compreendido, além de me dar a confiança para ser mais aberto e honesto comigo mesmo, especialmente. Sem esse apoio, eu realmente não sei onde estaria agora.

Sei que pode chegar ao ponto em que eu ache impossível continuar vivendo uma mentira. Se o fizer, meu plano é me aposentar cedo e sair. Eu poderia estar jogando fora anos de uma carreira lucrativa. Mas você não pode colocar um preço em sua paz de espírito. E não quero viver assim para sempre”.

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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