Jornalista revela segredo contraditório dos talibãs: “Prazer entre homens é prática comum entre eles”
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Jornalista, escritor e analista internacional da CNN Brasil, Lourival Sant’Anna foi o único repórter brasileiro a entrar no Afeganistão e entrevistar líderes do grupo fundamentalista islâmico. Em entrevista para o portal DW Brasil, Lourival revelou aspectos pouco conhecidos da cultura dos talibãs. Entre elas, uma prática cercada de silêncio e contradições: o prazer sexual entre homens radicais islâmicos.
“As mulheres têm, tradicionalmente, um papel secundário na sociedade Pashtun, que é a etnia predominante entre os talibãs, algo cultural. Além disso, a primeira geração dos talibãs cresceu separada das mulheres. Eles eram órfãos e filhos de refugiados da guerra contra a União Soviética, entre 1979 e 1989, e cresceram do lado paquistanês da fronteira. Muitos foram viver em internatos religiosos, onde foram abrigados, acolhidos, alimentados“, conta o jornalista. “Nessas escolas, eles ficavam separados das meninas, num ambiente dominado pela relação homossexual entre os professores e os alunos, algo que também é tradicional, sobretudo nas regiões mais isoladas do sul do Afeganistão, em que o prazer muitas vezes acontece entre homens adultos e adolescentes, meninos“, explica.
Segundo ele, as mulheres são tradicionalmente oprimidas sob o domínio dos talibãs. “A mulher tem um papel de geração e criação dos filhos. Mas não existe muita intimidade entre marido e mulher, não existe afinidade. Afinidade é entre os homens“, diz Lourival. “Quando eles invadiram o Afeganistão, eles mantiveram essa prática. Só que isso não é chamado de homossexualidade – sou eu que estou chamando. Eu até evito essa palavra, eu tento falar mais ‘o prazer entre os homens’. Porque eles não veem dessa forma”, ressalta. “Como eles são casados, e têm filhos, na sua própria visão eles não são homossexuais. Eles não cometem, assim, esse ‘pecado’. Porque eles consideram que não se casar, não ter filhos, é um pecado, e é proibido pelo islã. Mas como eles cumprem essa ‘obrigação religiosa’, digamos, não se veem como homossexuais. Aliás, eles punem, castigam duramente os homossexuais“.
De acordo com o jornalista, o flerte entre os radicais acontece sem tabu nenhum. “Eles apenas praticam, em silêncio. Não diria que chega a ser um tabu, porque eles flertam com os homens, são explicitamente sedutores. E não são só os talibãs. Os mujahedins, que lutaram contra os soviéticos, também tinham essa prática. Eles desfilavam com os tanques soviéticos, que tinham confiscado depois da guerra, maquiavam e desfilavam com os meninos, exibidos como troféus”, revela ele.