Drag carioca recria imagem de Cristo censurado em desfile emblemático da Beija-Flor no carnaval de 1989

No carnaval de 1989, desfile emblemático da Beija-Flor de Nilópolis fez história na Marquês de Sapucaí com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia!”, que falava sobre o lixo, carregando na crítica social e abordando temas como favelas e moradores de rua. Com autoria do artista plástico e famoso carnavalesco Joãosinho Trinta, o desfile completou 33 anos nesta ano, tendo deixado na memória de milhares de foliões a imagem do Cristo coberto por um plástico preto após censura da Igreja Católica.

Alegoria que trazia Cristo Redentor como mendigo, vestido com farrapos, teve sua exibição proibida pela Justiça a pedido da Cúria Metropolitana. Para driblar a censura, num ato de rebeldia, o carnavalesco decidiu levar para a avenida o Cristo coberto com plástico e uma faixa com os dizeres “Mesmo proibido, olhai por nós!“. Marcante e emblemático, o desfile serviu de inspiração para a drag queen carioca Miranda Lebrão que, assim como o enredo, completou 33 anos em 2022. Em seu Instagram, a artista visual compartilhou um carrossel de fotos onde aparece montada como a obra censurada e explicou o conceito por trás da sua ideia. “A inesquecível imagem do Cristo mendigo, censurado pelo clamor dos clérigos de 1989, completa trinta e três anos (aquele número que fala da ressureição) no mesmo ano em que Carnaval e Páscoa se encontram, transtornando o calendário tradicional. O encontro da carne com a ressureição da carne me dão sinais e símbolos que me fantasiam muito mais que os verbos“, escreveu Miranda.

A escultura estática ganhando carne em seus ossos, movendo a cobertura de sua proibição, foi uma imaginação minha ao me dar conta que completo, junto ao desfile, trinta e três. Numa tratativa de me anunciar como objeto inteiro, encontrado na carne e no levantar dela. Sabendo que não há oculto que não venha a ser revelado“, explicou ela. “A necessidade de ressurgir é viceral para tantos de nós. Assim como não negar os próprios caminhos, reconhecer o desejo e construir um futuro intencional também podem ser. Minha folia hoje está em aprender a, mesmo proibido, olhar por nós mesmos“, concluiu Miranda. Incrível, né gente?! Arrasou demais, Miranda!

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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