Duda Salabert choca em discurso: “querem nos reduzir à coisa, a objeto”
A deputada federal trans Duda Salabert (PDT) fez um discurso contundente durante a audiência pública ocorrida na última terça (26) que discute a PL que impede o casamento homoafetico, conquistado recentemente através de outro projeto, do então deputado Clodovil Hernandes. Duda relembra o passado recente e tenebroso de repressão à homoafetividade e afirma que LGBTs ainda não são vistos como pessoas, mas como coisas.
“Ainda lutamos para conquistar a categoria de humanidade no Brasil, basta perguntar qual é a maior reinvindicação do movimento trans na América Latina, que é respeito ao nome, identidade e qual banheiros vamos usar. Porque se eu vou no banheiro masculino, vocês não sabem a violência com somos recebidas. Porque uma coisa são os homens perto de vocês, outra coisa são os homens sozinhos conosco dentro do banheiro”, ressalta a deputada.
“Se eu não tenho direito a nome, identidade, questiono o direito de reconhecer nossos corpos como seres humanos, o qual foi conquistado. Nós ainda lutamos para efetivar e garantir o direito de ser humano, lutamos por exemplo a ter direito a fé, já que somos demonizados, lutamos para conquistar o direito a casamento e ter uma família, humanos são aqueles que tem direitos”, explica Duda sobre o termo “direitos humanos”.
Duda finaliza elencando que quando deputados querem tirar esse direito conquistado, eles na verdade querem reduzir ainda mais a categoria de humanidade dos LGBTs: “eles querem nos reduzir a coisas e objetos como fizeram séculos atrás. Vamos lembrar que neste país, há 50 anos atrás, ainda se fazia castração química e dava-se eletrochoque a quem era LGBT”, relembra.
A votação do projeto que proíbe o casamento homoafetivo foi adiada, e agora só deverá ser analisada no dia 10 de outubro. As investidas de pastores e conservadores tem menor apoio na câmara e deputados aliados e da bancada LGBT estão supervisionando a revisão do texto que deverá ser apresentado até lá.