Rei de bateria do carnaval carioca fala sobre orgulho gay na Avenida: “Ainda gera repulsa”

Rei da União de Jacarepaguá, Destaque na Mangueira e muso da São Clemente, o maquiador John Avelino, de 33 anos, compartilhou suas reflexões pessoais sobre o seu posto como rei de bateria e o pioneirismo de ter um homem gay à frente da principal ala de uma escola de samba.

‘Teve um pouco de resistência da minha presença ali, no lugar de uma mulher como rainha de bateria, porque sempre foi uma questão cultural. Quando as pessoas veem uma imagem masculina, às vezes gera uma certa repulsa. E ficam se perguntando: ‘Será que isso vai dar certo?’ Só que tudo que eu faço é com muita verdade, tem muita entrega minha’, contou o sambista.

Avelino também falou sobre o preconceito ainda presente na avenida do samba e relembrou quando decidiu desfilar de fio-dental, em 2023. “Fui o primeiro a ser anunciado oficialmente como rei de bateria. Claro que antes de mim tiveram nomes como Zé Reinaldo e David Brazil, os quais respeito, mas eles têm um estilo diferente de mim, do que a gente conhece hoje como rei. E, com isso, fui quebrando barreiras e abrindo portas. Mas ainda tem muito preconceito”, lembrou ele.

“Eu vim para romper este pensamento. Por que nós, homens gays, temos sempre que estar trabalhando nos bastidores, fazendo a fantasia da rainha ou da musa, colando espelho no carro? Por que a gente não pode brilhar? Eu vim justamente para quebrar essa barreira“, garante Avelino. “Já ouvi várias vezes e ouço até hoje: ‘O que esse viado está fazendo aí?’. Por mais que eu tenha batalhado muito para chegar até aqui, as pessoas não se preocupam em conhecer a minha essência, quem sou. Parte é preconceito e também porque eu me destaco mesmo. Mas sempre tive minha mente muito tranquila com relação a tudo isso.”

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