Aguinaldo Silva entrega que beijo gay em novelas era “rigorosamente não recomendado” pela Globo
Aguinaldo Silva fez revelações impactantes sobre os bastidores da TV Globo em seu recém-lançado livro “Meu Passado me Perdoa: Memórias de Uma Vida Novelesca“. Em um trecho da obra, o autor contou que a emissora proibia demonstrações de carinho entre pessoas do mesmo sexo de forma bastante rigorosa.
Em Suave Veneno (1998), por exemplo, surgiu um rumor de que ele escreveria uma cena de beijo entre dois homens, o que acabou não acontecendo. Na trama, os personagens Uálber (Diogo Vilela) e Edilberto (Luiz Carlos Tourinho) formavam um casal homossexual. O novelista explicou que a novela estava enfrentando problemas de audiência, o que gerou especulações de que ele escreveria o primeiro beijo gay em suas novelas para tentar elevar os números.
“Hoje em dia gays se beijam quase todos os dias nas novelas sem que a terra trema na casa dos telespectadores por causa disso (algumas camas, talvez). Mas durante muito tempo esse tipo de cena foi rigorosamente ‘não recomendado’ [na TV Globo], bem como demonstrações mais efusivas de carinho entre duas pessoas do mesmo sexo“, afirmou Aguinaldo.
O novelista revelou que o beijo em “Suave Veneno” não aconteceu porque ele sequer considerou escrever a cena, para evitar atritos com a Globo. “Sou pragmático e sei que, se então a escrevesse [a cena], ela seria sumariamente cortada do roteiro e eu não ganharia nada com esse gesto infantil de rebeldia além de um mal-estar que, pelo menos por parte da emissora, nunca seria”, concluiu.
Ele relembra ainda um episódio de censura durante a produção da novela “Império” (2014). Em uma das cenas, os personagens Cláudio (José Mayer) e Leonardo (Klebber Toledo), que eram um casal, deveriam acordar juntos na mesma cama. “Ela [a cama] foi substituída por um sofá no qual, por mais que se grudassem um ao outro, quase não cabiam aqueles dois monumentos”, comentou com ironia.