Yuri Carvalho levou o título para a Bahia e disse que ser homem trans é buscar pela sua vida todos os dias (Foto: Carol Bernardo)

“Ser trans é uma busca diária pela vida”, diz baiano vencedor do Mister Trans Internacional

Yuri Carvalho, um homem trans de 38 anos, conquistou o título de Mister Trans Internacional, levando orgulho e representatividade para a comunidade trans da Bahia. Vencedor do concurso de moda e beleza, Yuri não apenas celebrou sua vitória, mas também aproveitou a oportunidade para destacar as dificuldades enfrentadas pela comunidade trans e a importância de sua luta diária.

Ao receber o prêmio, Yuri emocionou o público ao falar sobre suas vivências como homem trans. “A importância de trazer esse título é mostrar para os meninos [trans de Salvador] que eles podem, sim, ocupar os espaços, participar de concursos, estar onde quiserem estar”, afirmou em entrevista ao Terra NÓS. Ele enfatizou que eventos como esse não apenas proporcionam visibilidade, mas também permitem que histórias e vivências trans sejam compartilhadas e respeitadas.

Além de seu trabalho como modelo e ativista, Yuri é o fundador do Fênix, o primeiro time de futebol formado por homens trans em Salvador. O time, que já conta com pelo menos 20 membros, tem como objetivo não apenas promover o esporte entre a comunidade trans, mas também salvar vidas. “O esporte também salva vidas. Então, enquanto presidente do Fênix e agora como suplente do Conselho Municipal, minha luta também é essa”, explicou Yuri, visivelmente emocionado.

Ele não escondeu suas dificuldades pessoais, incluindo lutas contra a depressão e tentativas de suicídio. Yuri encontrou apoio incondicional em sua filha, Maria Eduarda, de 17 anos, que tem sido sua base e inspiração. “Minha filha é a minha base. Graças a Deus eu tenho uma família, uma mãe, que me abraça, que me acolhe. Quando preciso chorar, eu tenho um colo”, compartilhou.

A vitória de Yuri o coloca como representante do Brasil em uma etapa mundial do concurso, ainda sem data definida. Para ele, cada passo dado não só eleva sua voz, mas também fortalece a comunidade trans globalmente. “Tem hora que cansa, sim. Mas, se eu cansar, se eu desistir de lutar, vou desistir de mim também”, concluiu Yuri, reafirmando seu compromisso com a causa trans e sua determinação em criar espaços inclusivos e acolhedores.

Arthur Aguiar

Redator do Pheeno, formado em comunicação social e estudante de moda. Apaixonado por contar histórias e explorar culturas.

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