Musa da Beija-Flor homenageia comunidade trans: “Sem elas, talvez nem tivéssemos Carnaval”

A história de Xica Manicongo, ex-escravizada e considerada a primeira travesti negra do Brasil, ganhará destaque no Carnaval 2024 pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, do Rio de Janeiro. O enredo, que resgata a trajetória de resistência e identidade de Xica, tem sido celebrado como um marco na representatividade LGBTQIAPN+ no maior espetáculo da cultura popular brasileira. A escolha do tema não só homenageia a memória de Manicongo, figura histórica do século XVI, mas também reforça a luta por visibilidade e respeito à diversidade de gênero e sexualidade.

Inspirada pela narrativa da Tuiuti, Savia David, musa da Beija-Flor, aproveitou um encontro entre as duas agremiações, no último dia 11, para fazer uma homenagem à comunidade trans. Durante o evento, Savia desfilou com a bandeira do movimento trans, e destacou a importância de apoiar a causa, mesmo não fazendo parte da comunidade. “Não é preciso ser para se solidarizar e lutar. É uma comunidade que busca respeito, colocação no mercado de trabalho e enfrenta muitos desafios. No Carnaval, eles encontram acolhimento e mostram seu talento como aderecistas, maquiadores e cabeleireiros”, afirmou.

Savia, que se identifica como uma mulher cis, ressaltou o papel fundamental da comunidade LGBTQIAPN+ na construção do Carnaval. “Arrisco a dizer que, sem elas, talvez nem tivéssemos Carnaval. Eles dão vida à folia com sua alegria e criatividade, se tornam visíveis e amplificam suas vozes por meio da arte”, declarou. A empresária e ex-fisiculturista também celebrou os avanços na representatividade, como a presença de mulheres trans em postos de destaque, como o de rainha de bateria. “Já temos mulheres trans nesses espaços, e tenho muito orgulho disso”, completou.

A relação de Savia com a comunidade LGBTQIAPN+ é marcada por momentos de aprendizado e troca. Um dos mais memoráveis ocorreu quando ela ainda era rainha de bateria em São Paulo e foi montada pela drag queen Gysella Popovick e pelo maquiador Rodrigo Souza. “Eles me ensinaram os trejeitos e como evoluir na avenida. Foi um aprendizado que marcou minha vida”, relembrou. “Eu não preciso estar nesse lugar para entender e apoiar. É sobre se colocar no lugar do outro e lutar por um mundo mais justo”, concluiu.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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