Edy Star, ícone LGBTQ+ e pioneiro da contracultura brasileira, morre aos 87 anos em São Paulo
O mundo das artes e da cultura LGBTQIAPN+ está de luto com a morte de Edy Star, nome artístico de Edivaldo Souza, falecido na madrugada desta quinta-feira (24/04), aos 87 anos, em São Paulo. O artista estava internado no Complexo Hospitalar Heliópolis desde terça-feira (22/04), após sofrer um acidente doméstico. Segundo comunicado divulgado nas redes sociais, Edy chegou ao hospital em estado grave, enfrentando insuficiência renal aguda, respiratória e pancreatite. Sua partida deixa um vazio imenso na comunidade queer, que perde um de seus mais corajosos e talentosos representantes.
Nascido em Juazeiro, Bahia, em 1938, Edy Star teve uma trajetória brilhante e multifacetada, passando pelo rádio, teatro, música, televisão e artes plásticas. Em 1975, fez história ao assumir publicamente sua homossexualidade em uma entrevista à revista Fatos & Fotos, tornando-se uma das primeiras figuras públicas brasileiras a se declarar gay. Sua carreira musical inclui participações emblemáticas, como no disco Sessão das 10 (1971), ao lado de Raul Seixas e Sérgio Sampaio, marco da contracultura nacional.
Nos últimos anos, Edy Star continuou ativo, lançando o álbum Cabaré Star em 2017 e tendo sua vida celebrada na biografia Eu Só Fiz Viver, lançada em janeiro deste ano. Durante sua internação, o historiador Ricardo Santhiago, autor do livro, mobilizou redes sociais para pressionar por um atendimento digno ao artista, que enfrentou falhas no sistema de saúde. Apesar dos esforços, Edy não resistiu às complicações. Seu velório ocorreu nesta sexta-feira (25/04) no Cemitério do Araçá, em São Paulo, reunindo fãs, amigos e admiradores.
Rodrigo Faour, crítico musical e amigo próximo de Edy, destacou em conversa com o Pheeno a importância do artista para a cultura queer: “Edy foi um libertário, que viveu com coragem e deixou um legado inestimável. Seu disco Sweet Edy (1974) foi pioneiro ao trazer composições feitas para um artista gay, e sua atuação nos palcos abriu portas para gerações futuras.” Sua vida, repleta de arte e resistência, seguirá inspirando a comunidade LGBTQIAPN+ e todos que acreditam na liberdade de ser quem se é. Edy Star vive em sua obra e em sua história desavergonhada.
