Por unanimidade, Unicamp aprova cotas para pessoas trans, travestis e não-binárias

O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou, por unanimidade, a criação de cotas para pessoas trans, travestis e não-binárias no vestibular de graduação da universidade. A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (01/04), durante sessão que contou com 67 votos favoráveis, consolidando a Unicamp como uma das primeiras instituições de ensino superior do país a adotar uma política afirmativa específica para a população trans. As vagas serão ofertadas por meio da modalidade Enem-Unicamp e estarão disponíveis tanto para candidatos de escolas públicas quanto privadas.

De acordo com a resolução aprovada, turmas com até 30 vagas deverão reservar pelo menos uma vaga para pessoas trans, travestis e não-binárias, enquanto cursos com mais de 30 vagas terão no mínimo duas cotas destinadas a esse grupo. Além disso, os candidatos deverão enviar um relato de vida, no qual descreverão sua trajetória de transição de gênero e o processo de afirmação de identidade. O documento será avaliado por uma comissão que incluirá, obrigatoriamente, ao menos uma pessoa trans, travesti ou não-binária, garantindo uma análise sensível e acolhedora.

A medida representa um avanço significativo na luta por inclusão e representatividade no ensino superior, um espaço historicamente marcado pela exclusão de pessoas LGBTQIAPN+. A Unicamp destacou que, após cinco anos, o sistema passará por revisão, com a possibilidade de ajustes, como a restrição das cotas apenas para estudantes de escolas públicas. A expectativa é que a medida inspire mudanças em outras universidades, ampliando o debate sobre ações afirmativas no Brasil.