Memorial russo da Segunda Guerra Mundial exibe por engano imagens de ator pornô gay americano

Um mural memorial recém-inaugurado na cidade russa de Zheleznogorsk, em homenagem aos soldados mortos na Batalha de Kursk durante a Segunda Guerra Mundial, acabou chamando atenção por um detalhe inusitado – e completamente fora do esperado. Sete fotos do astro pornô gay americano Billy Herrington foram inseridas no mosaico como se fossem retratos de combatentes históricos. A descoberta viralizou após o usuário Jay, de Kiev, publicar um vídeo no X/Twitter revelando a presença das imagens do ator, que aparece sorridente e vestido com uniforme militar em preto e branco.

A insólita homenagem a Herrington, falecido em 2018, teria sido causada por um adolescente de 16 anos que enviou as imagens aos criadores do memorial, alegando ser um herói de guerra e fornecendo, portanto, “fotos próprias”. O caso foi confirmado por outro perfil na rede, o usuário Jürgen Nauditt, que relatou que o jovem foi responsável pelo envio das imagens que passaram despercebidas pela curadoria do projeto. O mural foi encomendado para marcar os 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo, celebrado no último dia 9 de maio – data tradicionalmente usada na Rússia para reforçar o nacionalismo.

O empresário Anton Polsky, responsável pela execução do mural, afirmou que não teve conhecimento prévio das imagens usadas e pediu desculpas por qualquer ofensa que o caso possa ter causado. A gafe, no entanto, gerou ainda mais repercussão por ter ocorrido em um país que, sob o governo de Vladimir Putin, tem promovido uma dura repressão contra a comunidade LGBTQIAPN+, com leis que criminalizam manifestações públicas de orgulho e proíbem o que chamam de “propaganda gay”.

O caso reacende o simbolismo inesperado de Herrington na cultura contemporânea da Europa Oriental. Ícone do pornô gay dos anos 1990, Herrington já havia sido proposto, em 2022, como substituto de uma estátua da Imperatriz Catarina, a Grande, na Ucrânia. Mesmo que a imagem de Herrington não tenha sido erguida no lugar, a petição reuniu mais de 26 mil assinaturas. Pode até parecer surreal, mas a imagem de Herrington segue viva, agora inclusive na história revisionista acidental de um país que tenta apagar sua própria comunidade LGBTQIAPN+.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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