Onde descansa a lenda: pedido oficial busca tombamento do túmulo de Madame Satã

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) recebeu oficialmente o pedido de tombamento do túmulo de João Francisco dos Santos, o icônico Madame Satã, localizado no Cemitério da Vila do Abraão, em Ilha Grande – Angra dos Reis (RJ). Ação coordenada por Baltazar de Almeida.

A proposta é um marco na valorização da memória afro-brasileira, LGBTQIA+ e periférica, reconhecendo Madame Satã como símbolo da resistência de corpos dissidentes no Brasil. De ex-escravizado a artista, de transformista a capoeirista temido, Madame Satã desafiou os padrões da moral e da ordem ao longo do século XX com irreverência, força e coragem. Seu falecimento na Vila do Abraão em 1976 marcou o fim de uma trajetória potente — e é justamente este túmulo, hoje ameaçado pelo esquecimento, que a proposta busca preservar.

Tombar o túmulo é garantir que esse espaço se torne lugar de memória, de visitação, de reconhecimento histórico e cultural. A iniciativa conta com apoio de movimentos sociais como o Grupo Arco-íris, artistas, pesquisadores e instituições culturais, e pretende ainda integrar o local a roteiros turísticos voltados à valorização da história negra e LGBTQIA+, como o projeto “Madame Satã Para Sempre”, que está sendo construído na região.

O tombamento é mais do que um gesto simbólico: é um ato de reparação histórica. É dizer que as vidas como a de Madame Satã importam, e que sua memória merece ser protegida, celebrada e contada pelas próximas gerações

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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