EUA anunciam troca de nome do navio em homenagem a Harvey Milk durante o Mês do Orgulho

Em mais um duro golpe simbólico contra a visibilidade LGBTQIAPN+ nas Forças Armadas dos Estados Unidos, o secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth, ordenou a troca de nome do USNS Harvey Milk — navio da Marinha batizado em homenagem ao político assassinado em 1978 e um dos primeiros homens abertamente gays eleitos no país. A decisão veio à tona nesta terça-feira (03/06), através do site especializado Military.com, e foi posteriormente confirmada pela agência Reuters. O documento com a ordem foi assinado pelo secretário interino da Marinha, John Phelan, e menciona o objetivo de “restabelecer uma cultura guerreira” nas Forças Armadas.

Segundo fontes internas do Departamento de Defesa ouvidas sob anonimato, a mudança de nome foi orquestrada para ser anunciada propositalmente durante o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, em junho, reforçando o caráter provocativo e político da decisão. Além do USNS Harvey Milk, outros navios também estão sendo avaliados para renomeação, conforme revelou a emissora CBS News. A medida é vista por ativistas como um retrocesso em relação aos esforços de inclusão e reconhecimento histórico de figuras LGBTQIAPN+ na história militar americana.

Harvey Milk, vale lembrar, foi um ex-mergulhador da Marinha durante a Guerra da Coreia, em um período no qual homossexuais eram proibidos de servir. Após deixar a vida militar, ele se tornou uma figura central na luta pelos direitos civis, sendo eleito para o Conselho de Supervisores de San Francisco. Sua trajetória foi brutalmente interrompida em 1978, quando ele e o então prefeito George Moscone foram assassinados por um ex-colega político. Em 2016, o navio USNS Harvey Milk foi nomeado em sua homenagem, reconhecendo sua contribuição histórica tanto para a política quanto para a luta LGBTQIAPN+.

A ordem de Hegseth reflete uma linha ideológica conservadora reforçada pelo governo Trump, que barrou pessoas trans nas Forças Armadas e desmontou programas de diversidade. Em comunicado oficial, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que as mudanças visam refletir “as prioridades” da história americana. Enquanto isso, ativistas e aliados da comunidade LGBTQIAPN+ denunciam mais uma tentativa de apagar legados importantes em nome de uma suposta “coerência militar”, deixando claro que a batalha por reconhecimento e respeito segue atual, mesmo décadas após a morte de Harvey Milk.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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