HIV: Estados Unidos aprovam 1ª injeção semestral que impede contaminação pelo vírus
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, aprovou nesta quarta-feira (18/06) um novo tratamento revolucionário na prevenção do HIV. Trata-se do Yeztugo, desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences, que utiliza o princípio ativo lenacapavir e será aplicado de forma semestral. Em ensaios clínicos, o medicamento demonstrou eficácia superior a 99,9% na prevenção do vírus em adolescentes e adultos sexualmente ativos.
Diferente da PrEP oral diária, que é amplamente distribuída pelo SUS no Brasil, o lenacapavir age como um inibidor do capsídeo do HIV, impedindo que o vírus se replique no organismo. A nova formulação representa uma alternativa mais prática e promissora, principalmente para quem enfrenta barreiras como o estigma e a dificuldade de adesão ao uso diário da medicação. “Muitas pessoas que precisam ou desejam a PrEP preferiram doses menos frequentes”, afirmou o infectologista Carlos del Rio, professor emérito da Universidade Emory, em comunicado da Gilead.
Apesar do avanço, o lenacapavir não é uma vacina: trata-se de um antirretroviral preventivo, como a PrEP, mas com ação prolongada. Os testes, que também contaram com a participação de voluntários brasileiros no Centro de Referência e Treinamento em IST/Aids, em São Paulo, mostraram taxas de infecção de apenas 0,04% entre os usuários da injeção, contra 0,11% nos que usaram a PrEP oral. Os efeitos colaterais mais comuns foram dor no local da aplicação, dor de cabeça e náusea.
No Brasil, o uso preventivo do medicamento ainda não tem autorização da Anvisa. Em dezembro de 2024, o Ministério da Saúde defendeu a criação de uma aliança global para viabilizar o acesso ao lenacapavir. “O alto custo do medicamento é um desafio, particularmente para países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos”, alertou Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs do Ministério.